Aplicação ajuda crianças autistas no Gana
26 de agosto de 2016O autismo é uma doença que ainda não tem cura e afeta as habilidades de comunicação de milhares de pessoas no mundo. Sem nenhum tratamento que obtenha resultados permanentes, buscar alternativas que ofereça melhores condições para os portadores do autismo é crucial.
No Gana, uma universitária criou uma aplicação para ajudar no desenvolvimento dos portadores de autismo. O objetivo é que essas pessoas consigam se comunicar cada vez mais e melhor.
Para desenvolver a aplicação, a jovem Alice Amoako, de 24 anos, pensou nos desafios que as crianças portadoras do autismo enfrentam para se comunicar com professores e, principalmente, com os prórpios pais.
“Sou uma empreendedora digital que acredita no uso da tecnologia para resolver vários problemas sociais. Basicamente, eu comecei quando estava na universidade, eu acho que há dois anos. Estudei Informártica e para completar sempre tive vontade de melhorar a sociedade”, conta a jovem empreendedora.
A universirtária explica como funciona a aplicação que ela desenvolveu. Segundo ela, há três funções principais que podem ser utilizadas tanto pelas crianças, como pelos pais e professores.
"O aplicativo tem três funções básicas. A primeira é um serviço de SMS que ajuda os pais a manter contato com profissionais, a fim de obterem informações adequadas sobre o autismo. A segunda é um sistema de comunicação por troca de imagems que melhora os desafios de comunicação das crianças autistas. E a terceira função do aplicativo é uma plataforma que ajuda a sociedade a obter informações sobre a doença", relata Amoako.
Desafios
Alice diz que não foi fácil desenvolver este projeto para mudar atitudes em relação ao autismo e de como tratar aqueles que sofrem da doença. “As pessoas não sabiam sobre o autismo, foi um pouco difícil aceitarem este projeto. Então tivemos que conscientizar as pessoas à respeito do autismo antes de apresentar a aplicação”.
A empreendedora digital revela que outra dificuldade foi a de conseguir profissionais que pudessem participar do projeto, respondendo as dúvidas que os usuários da aplicação têm sobre o autismo.
“Foi difícil conseguir profissionais e médicos para a linha de apoio via SMS, porque no Gana temos apenas cerca de cinco neuro-pediatras e, portanto, é muito difícil ter acesso a eles”.
Aplicação é usada em escolas
No sul do Gana há pelo menos dez escolas especializadas em atrender crianças com autismo. Matilda Abroquah é professora em uma dessas escolas, em Acra. Ela tem usado a aplicação de Alice Amoako durante as aulas e já fala das melhorias no desempenho das crianças.
“As crianças com autismo ou pessoas que têm autismo têm um problema com a comunicação, por isso ao tentar explicar algo para eles a partir de um texto pode ser muito complicado. Mas, uma vez que você mostrar-lhes fotos, eles são capazes de dizer o que você está tentando comunicando a eles”, diz.
A professora dá um exemplo de como a aplicação pode ser utilizada no dia a dia das crianças. “Se os pais levam a criança a um restaurante que já está familiarizado com a aplicação, ela pode rapidamente apresentar ao garçom o que deseja comer a partir do banco de imagens disponível na app. Se a criança quiser comer arroz, por exemplo, ela mostrará a imagem de um prato de arroz”, elucida.
A inovação de Alice já ajudou muitos ganeses a entender sobre o autismo e seus desafios. A aplicação também melhorou a relação dos pais com os filhos portadores da doença.