FLEC reafirma que há guerra em Cabinda e Brasil nega mortes
16 de fevereiro de 2024O comandante da frente norte das FLEC-FAC, Boaventura Cardoso Tati, disse à emissora católica angolana Rádio Ecclesia que a presença de militares das Forças Armadas Angolanas (FAA) em Cabindadesmente as versões oficiais, que negam o conflito.
"Quando se diz que não existe nada em Cabinda é pura mentira, [porque] se não existisse nada em Cabinda, porque é que existe a presença militar em Cabinda? Há muita tropa na floresta do Maiombe, saindo de Dimuca até Buco Zau, ao longo de toda a estrada vamos encontrar posições militares", referiu Tati.
Segundo o comandante das FAC, braço armado da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), as forças angolanas estão posicionadas ao longo da fronteira de Angola com a República do Congo e também com a República Democrática do Congo (RDC).
De acordo com Boaventura Cardoso Tati, a organização recebe ajuda alimentar da população local e apoio militar do exterior, sem revelar a origem, que passa pelos canais oficiais de transporte angolano.
"Só temos dois países que sustentam a guerra em Cabinda, o primeiro é a própria Angola, porque o material militar que a gente utiliza vem do porto de Luanda, passa pelo aeroporto 4 de Fevereiro para Cabinda, passa pelo porto do Lobito", referiu.
"Nós não temos cooperação militar com a Rússia, [mas] nós usamos AKM, usamos 'rockets', vêm de onde?", questionou, negando apoios dos dois Congos, vizinhos de Angola.
Brasil diz que não há registo de mortes
As autoridades angolanas não registaram quaisquer mortes de brasileiros em confrontos na região de Maiombe, disse à Lusa o Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
"De acordo com informações recebidas de autoridades locais, não há registo recente de morte de cidadãos brasileiros em Angola", respondeu o Governo após anúncio dos independentistas de Cabinda.
Segundo um comunicado da FLEC-FAC, os militares angolanos e os cidadãos brasileiros teriam sido mortos em dois confrontos nas aldeias de Kisungo e Tando Maselele, no município de Belize, região de Maiombe, no norte de Cabinda.
Fonte da embaixada brasileira disse também não ter informação sobre os cidadãos brasileiros e acrescentou que não foram acionados os canais consulares.