Cabinda: FLEC surpresa sobre afirmação de "situação estável"
11 de novembro de 2023Em comunicado divulgado hoje (11.11), a direção político-militar da FLEC-FLAC interpretou que a estabilidade a que se referiu o comandante da Região Militar de Cabinda das FAA "é uma estabilidade na guerra permanente que tem causado inúmeras vítimas nas forças de ocupação, que Luanda não reconhece, menosprezando o sofrimento das famílias dos soldados angolanos mortos em Cabinda".
Na quinta-feira, o tenente-general Tukikebi dos Santos, "Chinês", considerou estável a situação político-militar da província, no norte de Angola, onde o movimento FLEC reivindica, há anos, a independência do território.
"Situação é calma"
"A situação na região é calma, e o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas pôde constatar 'in-loco' a vida e o normal funcionamento das forças na Região Militar Cabinda", referiu Tukikebi dos Santos "Chinês".
Este sábado, porém, a FLEC-FAC avançou que o tenente-general deveria permitir que observadores internacionais independentes e jornalistas "circulassem livremente em todo o território, sem o controlo e os constrangimentos impostos pelos militares ou a segurança angolana, a fim constatarem a realidade político-militar em Cabinda".
"A situação político-militar estável, falaciosamente proferida pelo tenente-general Tukikebi dos Santos "Chinês", é contrariada e testemunhada pela excessiva e contínua militarização de Cabinda pelas forças de ocupação angolana", acusa a organização.
"Cobertura de militares"
A direção política da FLEC-FAC acusou Tukikebi dos Santos "Chinês" e os restantes oficiais angolanos em Cabinda de serem "primeiramente traficantes com a cobertura de militares", e de estarem envolvidos "em vastos programas de tráfico de ouro, cobre, combustíveis e madeiras".
"A estabilidade referida pelo tenente-general "Chinês" angolano é um argumento para atrair mais clientes para os seus negócios ilícitos", refere a nota.
As autoridades angolanas lidam há vários anos com a reivindicação da FLEC, organização que reclama a independência do território, de onde provém grande parte do petróleo angolano, alegando que o enclave era um protetorado português - tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885 - e não parte integrante do território angolano.
O Governo angolano recusa normalmente reconhecer a existência de soldados mortos resultantes de ações de guerrilha dos independentistas, ou qualquer situação de instabilidade naquela província do norte de Angola, sublinhando sempre a unidade do território.