FAO alerta que Uganda será o próximo país a enfrentar crise alimentar
10 de agosto de 2011O Nordeste e o Leste do Uganda são as regiões mais vulneráveis. São áreas onde estão os povos Teso e Karamjong, que fazem parte do Grupo Nilotics, constituído basicamente por pastores nômades. Eles migram de um lado para o outro buscando pasto para os seus animais.
Entretanto, com a carência de chuva, os animais estão morrendo rapidamente e as pessoas começam a ficar com fome. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura alertou no início deste mês que Uganda poderia ser o próximo país a ser afetado pela crise de alimentos que já é verificada no Corno da África.
O pesquisador TONY OTOA, que trabalha com a ONG Coalizão pela Educação e Meio Ambiente, esteve na região há duas semanas. Para ele, o departamento de meteorologia está oferecendo boletins errados sobre o comportamento do clima na região.
Dados desencontrados
"De acordo com o que tem sido relatado, não há uma crise de alimentos, mas quando você está no terreno, vê uma situação completamente diferente", afirma Otoa. Hakan Tongul é representante da direção do Programa Alimentar Mundial (PAM) no Uganda.
Ele diz que a organização estacionou em Karamoja pelos últimos 10 anos com cinco escritórios e 80 integrantes. Togul defende que o relatório divulgado pela FAO não se refere a esta temporada. "Nós não temos nenhuma indicação de que as colheitas terão alguma anormalidade no período corrente. Estes relatórios não correspondem a esta estação", diz.
John Abimanya, um jornalista que trabalha no The Daily Monitor Uganda, vê a situação de forma diferente. Ele diz que não é grave como tem sido no norte do Quênia e Somália ou na Etiópia. Mas os sinais da fome estão começando a se mostrar na parte leste do país.
Contestação popular
De acordo com ele, a mídia tem sido desviada por alguns procedimentos de Kampala. "Acho que deve ter alguns outros fatores de pressão que tem a ver com economia, inflação e custo de vida e muito da perturbação dentro de alguns grupos profissionais tem concentrado a atenção da mídia", opina.
Uganda tem atravessado uma onda de protestos desde maio quando o presidente Yoweri Museveni foi eleito para mais um mandato. Milhares de cidadãos demonstram seu descontentamento através de greves e protestos. A oposição tende a trabalhar nesta corrente, unindo-se a protestos recentemente promovidos por comerciantes e professores.
Autora: Ruth Aine Tindyebwa / Marcio Pessôa
Edição: António Rocha