Espancamento de advogado guineense causa indignação
30 de novembro de 2022O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), Augusto Mário da Silva, visitou, esta quarta-feira (30.11), o advogado Marcelino Ntupé no hospital militar em que foi internado depois do seu espancamento, na sua residência, nos arredores de Bissau.
Sem adiantar pormenores, o ativista disse que Ntupé reconheceu os seus agressores "com precisão".
"É preciso que as autoridades policiais deixem de brincadeira de investigar. Que investiguem de forma séria e levem as pessoas à Justiça, para acalmar a sociedade", acrescentou da Silva.
O analista político, crítico do regime, e advogado de 18 detidos em conexão com a alegada tentativa de golpe de Estado de 1 de fevereiro passado foi espancado na sua residência em Bissalanca, arredores de Bissau, na tarde de terça-feira, por homens armados e encapuçados.
Impunidade dos agressores
Segundo testemunhas, Marcelino Ntupé foi levado à força pelos seus assaltantes, que acabaram por abandoná-lo na rua.
Poucas horas antes, o advogado tecera duras críticas à gestão de vários assuntos pelas autoridades guineenses numa rádio privada.
O presidente da LGDH considerou que a violência contra o advogado foi de cariz "institucional". E lembrou os vários episódios de violência contra cidadãos, sem que houvesse "qualquer tipo de conclusão de investigação, sem qualquer tipo de apuramento de responsabilidades".
"Tudo fica em mar de impunidade", frisou.
Presidente da República indignado
Segundo a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), o estado de saúde de Ntupé "requer ainda algum cuidado".
Na sua página oficial no Facebook, o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, condenou veementemente o "ato bárbaro de violência contra o advogado e comentador político da Rádio Bombolom".
"Os sucessivos casos de violência que têm ocorrido constituem uma ameaça à paz social" na Guiné-Bissau, acrescenta o chefe de Estado, "razão pela qual o Presidente da República exorta a Polícia Judiciária e o Ministério Público a investigar com maior brevidade possível o ocorrido".