Em vésperas de eleições: Nyusi pede contenção e tolerância
4 de outubro de 2024Mais de 17 milhões de eleitores estão inscritos para votar nas eleições gerais do dia 9.
Concorrem ao cargo de Presidente da República os candidatos Daniel Chapo, apoiado pela FRELIMO, Ossufo Momade, apoiado pela RENAMO, maior partido da oposição, Lutero Simango, apoiado pelo MDM, terceira força parlamentar, e Venâncio Mondlane, apoiado pelo PODEMOS.
O Presidente moçambicano, em fim de mandato, apelou hoje (04.10) aos protagonistas das eleições gerais do próximo domingo para que evitem "interferências" e cumpram a lei: "Aos vários intervenientes, agentes eleitorais, observadores nacionais e estrangeiros apelamos para que se guiem pelos princípios e normas vigentes na República de Moçambique”, afirmou Filipe Nyusi.
O chefe de Estado moçambicano falava durante o discurso alusivo ao Dia da Paz, que se assinala esta sexta-feira por ocasião da assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP), que, em 4 de outubro de 1992, acabou com 16 anos de guerra civil no país.
Nyusi exortou os partidos, coligações e grupos de cidadãos que concorrem às eleições gerais de 9 de outubro para agirem com contenção e tolerância, até à proclamação dos resultados das eleições pelos órgãos eleitorais competentes.
O Presidente disse que o país deve manter o espírito ordeiro e pacífico que tem mostrado durante a campanha eleitoral, que termina no domingo, dois dias antes da votação.
Comissão de paz e reconciliação
Por ocasião do 4 de outubro, Filipe Nyusi propôs a criação de uma comissão de paz e reconciliação nacional, admitindo que as ações para a consolidação da estabilidade precisam de ser aperfeiçoadas. O Presidente moçambicano avançou que a referida comissão de paz e reconciliação iria integrar "atores" que refletissem sobre caminhos de paz, justiça e harmonia.
O chefe de Estado afirmou que o modelo de paz "precisa de ser aperfeiçoado" e que, apesar de o Acordo Geral de Paz ter resultado em ganhos, o país tem conhecido "incidentes de tensões políticas e militares, sobretudo durante os períodos pós-eleições".
Nyusi classificou a guerra dos 16 anos e que terminou em 4 de outubro de 1992 como "uma das mais sangrentas de que há memória na história moderna" e assinalou que o acordo que hoje se comemora criou condições para o país entrar no caminho de desenvolvimento e crescimento económico rumo à prosperidade e bem-estar da população.
O acordo foi assinado em Roma pelo então Presidente moçambicano, Joaquim Chissano, e por Afonso Dlhakama, líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO),tendo sido intermediado pela Igreja Católica.
De acordo com os dados oficiais, mais de um milhão de pessoas morreram e mais de cinco milhões fugiram das suas terras, devido à guerra civil. Depois do acordo de paz, o país passou por várias ondas de violência armada, de baixa intensidade e localizada, envolvendo as forças governamentais e o braço armado da RENAMO, devido à contestação dos resultados eleitorais pelo principal partido da oposição.