Eleições em Moçambique: A reta final da caça ao voto
5 de outubro de 2024A campanha eleitoral em Moçambique termina este domingo (06.10) com partidos a apostararem tudo na caça ao voto dos moçambicanos. Como foi a reta final da campanha eleitoral de alguns candidatos à presidência?
"50 anos de roubo"
Em campanha este sábado, na Beira, o candidato presidencial Venâncio Mondlane afirmou que os quase 50 anos de independência de Moçambique representaram para o povo "mais corrupção" e "roubo", criticando a FRELIMO, no poder desde 1975.
"Nós não podemos continuar a aceitar dizerem que nós temos uma dívida de 50 anos de independência, que todos os dias, no mata-bicho, no almoço, no jantar, nos fazem lembrar que nós temos uma divida porque eles [FRELIMO] libertaram o país", afirmou ainda, garantindo: "A mensagem é simples e é esta: Este país é nosso".
O candidato, ex-deputado da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO, maior partido da oposição), do qual saiu em maio após não ter conseguido concorrer à liderança, defendeu que é tempo de "devolver Moçambique para os moçambicanos".
"Essa independência de que tanto falam, cada um de nós sente a independência na escola do filho? No medicamento da família? No saneamento da Beira? No alcatrão, na estrada? No emprego dos seus filhos? Na segurança da sua família?", questionou ainda.
Sempre com as críticas direcionadas à FRELIMO, Venâncio Mondlane prometeu uma lei para despartidarizar o Estado: "O partido dentro do Estado, dentro do Governo, acabou".
Nesta ação de campanha, que termina domingo em todo o país, também garantiu que, se chegar ao poder, "todas" as empresas, nomeadamente as multinacionais que exploram recursos naturais em Moçambique, "vão pagar impostos".
"Não se pode escolher por emoção"
Já o candidato presidencial Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder), disse este sábado que não se pode "escolher por emoção" nas eleições de quarta-feira, quando é o futuro do país "que está em causa".
"Votar é escolher. E escolher não se escolhe de qualquer maneira, tem que haver motivo. E não se pode escolher por emoção. Cinco anos [mandato presidencial] não é brincadeira, é o futuro do nosso país que está em causa", disse Daniel Chapo, durante um comício realizado hoje, em Moatize, província de Tete, no centro de Moçambique.
Jurista de profissão, Daniel Chapo, 47 anos, foi aprovado em maio pelo Comité Central do partido como candidato apoiado pela FRELIMO à sucessão de Filipe Nyusi. Era então, desde 2016, governador da província de Inhambane.
"Todos são farinha do mesmo saco"
Na tarde deste sábado, em Xai-Xai, província de Gaza, o candidato presidencial Ossufo Momade, apoiado pela RENAMO, disse que o "problema" do país é a FRELIMO, em que "todos são farinha do mesmo saco".
"Vai fazer, vai fazer, vai fazer. Nunca vai fazer. Se não fizeram [FRELIMO no poder desde 1975] em 49 anos, não vão fazer agora", disse Ossufo Momade, também presidente da (RENAMO), numa ação de campanha esta tarde.
"Intolerância política não começou agora"
Também o candidato do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força política do país, saiu às ruas e disse que "fecha bem a campanha eleitoral, mas que essa continuará até o último segundo".
À DW, Lutero disse este sábado que "está confiante na vitória" e, ao ser questionado sobre a intolerância política no país, afirmou que "essa não começou agora, mas em 1975".
"A intolerância sá vai acabar quando a FRELIMO for oposição", disse.
Estão inscritos para votar em Moçambique mais de 17 milhões de eleitores, incluindo 333.839 recenseados no estrangeiro, segundo dados da Comissão Nacional de Eleições (CNE).