Cimeira da União Africana: Conflitos e integração na agenda
1 de julho de 2018A 31.ª cimeira da UA reúne cerca de 40 chefes de Estado africanos e o Presidente francês, Emmanuel Macron. Os líderes africanos vão discutir nesta reunião as crises que sacodem o continente, nomeadamente a guerra civil no Sudão do Sul ou o conflito no Saara Ocidental.
O êxodo de centenas de milhares de africanos, nomeadamente para a Europa, não figura no programa oficial.
Na cimeira, o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, também presidente em exercício da União Africana, deverá apresentar um novo relatório sobre uma reforma institucional da organização, visando, em especial, garantir a sua autonomia financeira para alcançar a soberania política.
Será também tema do encontro a criação de uma Zona de Livre Comércio (ZLEC), lançada a 21 de março em Kigali, que pode representar um mercado de mais de 1,2 mil milhões de pessoas em África. Outro tema da reunião é a corrupção, que, segundo a ONU, está a fazer o continente perder 25% da sua riqueza anualmente.
O Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Joseph Kabila, cuja candidatura à reeleição é considerada inconstitucional pela oposição do país, não deverá estar presente no encontro.
Um grupo católico que levou a cabo três marchas contra uma eventual candidatura de Kabila reclamou na semana passada "uma maior intervenção" da UA no processo eleitoral na RDC.
"Falhas de segurança” no Sahel
Paul Kagame já anunciou também o apoio à candidatura da sua ministra dos Negócios Estrangeiros, Louise Mushikiwabo, para presidente da Organização Internacional da Francofonia (OIF), em outubro. A França apoia esta candidatura, que permitirá levar a direção da OIF para África, depois de quatro anos de mandato da canadiana Michaëlle Jena, que também pretende disputar novamente o cargo.
No final da cimeira, Emmanuel Macron discutirá com os seus homólogos do G5 Sahel (Mauritânia, Burkina Faso, Mali, Níger e Chade) o lento aumento da força conjunta colocada em marcha por esta organização, com sede em Nouakchott, na luta contra o terrorismo.
A França - que conduz a Operação Barkhane contra os terroristas na região do Sahel - apoia este projeto conjunto do grupo, considerando-o um possível modelo para os Estados africanos se encarregarem da sua própria segurança.
Entretanto, o anfitrião do encontro que arrancou esta domingo (01.07), o Presidente da Mauritânia, Ould Abdel Aziz, lançou o alerta: o ataque desta semana contra a força conjunta do G5 Sahel expôs as "falhas de segurança” regionais.
Um bombista suicida num veículo pintado com as cores da ONU matou dois soldados e um civil no ataque ao quartel-general da força do G5, na cidade de Sevare, no Mali, na sexta-feira (29.06). Foi o primeiro ataque contra o quartel-general da força militar conjunta, criada em 2017.
Abdel Aziz, cujo país integra o G5 e acolhe a cimeira de dois dias da UA, disse em entrevista ao canal de televisão francês France 24 que o ataque "atingiu o coração” da segurança da região e condenou a falta de apoio internacional. "Se o quartel-general foi atacado, é porque há muitas falhas que temos de corrigir se queremos trazer estabilidade ao Sahel”, afirmou o chefe de Estado da Mauritânia.