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Mondlane pede participação massiva no funeral de Elvino Dias

Lusa
21 de outubro de 2024

Candidato presidencial Venâncio Mondlane convocou hoje os moçambicanos para uma "participação em massa", na próxima quarta-feira, no funeral do seu assessor jurídico Elvino Dias, assassinado a tiro no centro de Maputo.

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Mosambik Venâncio Mondlane RENAMO-Abgeordneter
Foto: R. da Silva/DW

"Vamos estar juntos, em peso. Gostaria de estar com todos vocês para prestar a última homenagem ao Elvino Dias. Gostaria imenso que esta juventude fosse pacificamente. Não vamos fazer distúrbios, tranquilamente, vamos estar em peso na última despedida de Elvino Dias", apelou Venâncio Mondlane, numa declaração pública através da sua conta no Facebook.

A polícia moçambicana confirmou no sábado (19.10), à Lusa, que a viatura em que seguiam Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), partido que apoia Mondlane, mortos a tiro, foi "emboscada".

O crime aconteceu na avenida Joaquim Chissano, centro da capital, e, segundo a polícia, uma mulher que seguia nos bancos traseiros da viatura foi igualmente atingida a tiro, tendo sido transportada para o hospital.

"Quero convidar a todos vocês para participar em massa no funeral do Elvino Dias, que está marcado para quarta-feira, dia 23 de outubro (...) Penso que vamos dar uma grande imagem positiva para o mundo", repetiu Venâncio Mondlane, acrescentando que as cerimónias fúnebres vão decorrer às 13 horas locais (12:00 em Lisboa), no cemitério de Michafutene, em Maputo.

"Balas verdadeiras"

Mondlane acusou as forças policiais de dispararem "balas verdadeiras" contra manifestantes durante as marchas por si convocadas e afirmou que os moçambicanos juntaram-se para "salvar o país".

"A polícia fez uma coisa incrível que foi usar balas verdadeiras, temos vídeos que mostram projéteis de armas pesadas, vídeos em que são usados jovens do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) a disparar na via pública, de dia. Que vergonha, isto é um Governo terrorista", acusou Venâncio Mondlane, numa declaração pública feita na sua rede social Facebook.

"Isto é que é o verdadeiro terrorismo contra o seu povo, genocídio contra seu próprio povo, disparar contra jovens indefesos, desarmados, que não têm capacidade nenhuma de poder reagir, sem criar nenhum distúrbio", acrescentou Mondlane, numa declaração em que acusa a Frente de Libertação de Moçambique (FRELMO), partido no poder, de perder no "debate de ideias".

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Violência

A capital moçambicana foi palco de confrontos entre manifestantes, que atiram pedras e incendiaram pneus nas ruas perto da Avenida Joaquim Chissano, e a polícia, que esteve a dispersar os populares com recurso a gás lacrimogéneo e tiros para o ar. 

Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), voltou a acusar as Forças de Defesa e Segurança de "verdadeiros terroristas", que usaram o "seu equipamento para reprimir um povo indefeso".

"Um povo desarmado, que só quer manifestar direitos fundamentais. Até helicóptero a polícia utilizou para reprimir a juventude (...) A dar uma entrevista, a polícia chegou a ponto de disparar contra nós, fui atingido com uma cápsula de gás lacrimogéneo", disse.

"A polícia disparou contra jornalistas nacionais e internacionais", acrescentou, em acusações ao partido FRELIMO, que descreveu como "um búfalo ferido".

Não obstante os incidentes envolvendo os manifestantes e a polícia, Venâncio Mondlane afirmou que os moçambicanos "fizeram algo histórico", referindo que se cumpriu o objetivo de paralisar o país.

"Um candidato de um partido ainda extraparlamentar conseguiu, com muito sucesso, anunciar uma greve nacional e de facto o país ficou paralisado, 95% da atividade laboral, privada e pública, ao nível do país, ficou paralisada", destacou, referindo que o ato representa união "por um objetivo".

Rasto de destruição

Um rasto de destruição marca várias artérias centrais de Maputo ao início da noite, após várias horas de confrontos entre manifestantes e polícia, e tiros constantes para o ar e de gás lacrimogéneo, em diferentes pontos da capital moçambicana.

Pelas 18:00 locais (menos uma hora em Lisboa), já depois de cair a noite, eram visíveis fogueiras e pneus a arder, ainda, em várias ruas onde, durante o dia, se registaram confrontos, com arremesso de pedras e outros objetos por parte de manifestantes e carga policial.

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