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Campanha "Livres e Iguais" da ONU combate discriminação LGBT

Filipa Serra Gaspar13 de janeiro de 2016

Após um mês de implementação, a campanha "Livres e Iguais" da ONU, integra esta quarta-feira (13.01), a corrida da Liberdade na Cidade da Praia, para sensibilizar a população e promover igualdade para a comunidade LGBT.

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Lançamento da Campanha "Livres e Iguais" (10.12.2015). Entre os presentes estão Cristina Lima, ministra da Saúde e a cantora Mayra Andrade (centro)Foto: UN Cabo Verde

A campanha "Livres e Iguais" das Nações Unidas (ONU) pretende impulsionar a igualdade para lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) a nível global. Foi implementada a 10 de dezembro de 2015 em Cabo Verde, primeiro país africano a promover a iniciativa que vem desvendar uma comunidade que apesar de existir, é "praticamente inivisível", segundo Mário Marques, Diretor de Serviço e Responsável de Programas e Projetos do Instituto Cabo-Verdiano para a Equidade e Igualdade de Género.

Tolerância, diálogo e igualdade são as palavras-chave da campanha. Ulrika Richardson, Coordenadora das Nações Unidas em Cabo Verde diz que, acima de tudo, é necessário combater a discriminação, apelando ao diálogo, pois "a campanha é realmente um apelo para começar a refletir e a falar sobre esse assunto. Uma campanha não pode ser algo que choca demais com o tecido cultural de um país, temos de promover conversas e discussões que tomem em conta diferentes opiniões". A campanha está a ser realizada em parceria com o Governo de Cabo Verde e outras associações nacionais e internacionais. Apesar de já terem sido realizadas outras campanhas anteriormente no país, Mário Marques, Diretor de Serviço do Institutito Cabo-Verdiano para a Equidade e Igualdade de Género enfatiza a importância desta iniciativa que evidencia uma realidade praticamente “invisível”: "esta problemática parece inexistente em Cabo Verde porque ninguém fala que existe essa comunidade LGBT no país, por isso o novo plano estratégico pretende precisamente "levantar o véu" da discriminação e da invisibilidade que essa população em específico sofre".

Cape Verde, Free and Equal Campaign
Ulrika Richardson, ladeada pela ministra da Saúde Cristina Lima (esq.) e Lígia Fonseca (dir.) esposa do Presidente da República de Cabo VerdeFoto: UN Cabo Verde

A campanha "Livres e Iguais" foi lançada em 2013 pelas Nações Unidas e, desde então, tem sido implementada por vários países em todo o mundo. Em Cabo Verde, não são reconhecidos dados oficiais relativamente à comunidade LGBT. A cantora Mayra Andrade é a embaixadora da campanha e dá a cara pela igualdade.

Mario Marques
Mário Marque, Responsável de Programas e Projetos do Instituto Cabo-Verdiano para a Equidade e Igualdade de Género.Foto: Privat

Reações "positivas"

Apesar de nem todas as pessoas concordarem com a campanha, Mário Marques deixa claro que a população tem demonstrado interesse pela temática e que o balanço é positivo. "Temos tido algumas demonstrações de interesse sobre esta problemática, há pessoas que querem saber mais, sejam jovens ou adultos. Posso dizer que as reações estão a ser bastante positivas", declarou.

Ulrika Richardson disse que "a receção da campanha tem sido muito interessante, pois há pessoas que dizem que, de facto, é uma boa iniciativa para combater a discriminação, mas também há pessoas que não estão de acordo. Ainda assim dizem que respeitam as várias orientações das pessoas e por vezes querem até saber mais".

A sensibilização da população para uma igualdade que abrace todas as pessoas, independentemente do género, orientação sexual, e que vise a tolerância, procurando ouvir vários pontos de vista, é o ponto forte da campanha.

A coordenadora das Nações Unidas em Cabo Verde espera que o diálogo e tolerância tenham um efeito multiplicador na sociedade: "há uma necessidade de conversar mais e conhecer melhor. Estas discussões ao nível local podem ter um efeito multiplicador para engachar todos os níveis da sociedade e fomentar uma inclusão social que pode ser muito sustentável".

Ainda neste mê de janeiro, vão realizar-se diversas tertúlias académicas para debater e promover o diálogo sobre a situação da comunidade LGBT no país.

Em Cabo Verde, o casamento entre pessoas do mesmo sexo não é permitido, mas a homossexualidade deixou de ser crime em 2004.

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