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Béji Essebsi eleito presidente da Tunísia quatro anos após a revolução

Marc Dugge / Nuno de Noronha22 de dezembro de 2014

As eleições de domingo (21.12) na Tunísia encerraram o ciclo de transição política iniciado com a revolução de 2011 que depôs Zine el Abidine Ben Ali, que esteve no poder 23 anos.

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Béji Caïd EssebsiFoto: Reuters/A. Mili

Béji Caïd Essebsi, candidato da aliança laica Nidaa Tounès, é o vencedor das eleições presidenciais na Tunísia, com 55,68% dos votos, contra 44,32% do seu rival, Moncef Marzouki. Porém, ontem (21.12), os apoiantes do político de 88 anos já festejavam a vitória.

Em Tunes, centenas de carros saíram às ruas, ao som de buzinas e gritos de vitória, para comemorar o primeiro chefe de Estado democraticamente eleito desde a independência do país, em 1956.

Tunesien - Die Stimmen der Wahl werden gezählt
Assembleia de votos em TunesFoto: picture-alliance/dpa/S. Hamouda

A segunda volta das eleições foi disputada pelo atual presidente, Moncef Marzouki de 69 anos, e Essebsi. Foi o diretor da campanha eleitoral de Essebsi, Mahsen Marzouk, que deu a indicação do vencedor ao anunciar: "Tenho a honra de informar que de acordo com as informações que tenho, após o encerramento das urnas, Béji Caïd Essebsi ganhou a eleição presidencial".

Partido que apoiou Marzouki rejeita resultado

O partido de Moncef Marzouki rejeita o resultado, como deixou entender Adnen Manser, gestor da campanha:

Tunesien Präsidentschaftswahl 21.12.2014 - Präsident Moncef Marzouki
Moncef Marzouki, Presidente cessante da TunísiaFoto: picture alliance/ZUMA Press/C. Mahjoub

"A diferença é de alguns milhares de votos, não é de centenas de milhares de votos entre os dois candidatos. Isto mostra que há uma competição enorme entre os dois e por isso cada voto conta".

Essebsi fez campanha anti-islamita no Nidaa Tounès

De um lado, Essebsi surgiu com a campanha anti-islamita do partido laico Nidaa Tounès. Do outro, Marzouki apresentou-se como um defensor da revolução muçulmana e da democracia.

Wahlen in Tunesien
Contagem dos votos na TunísiaFoto: Reuters/Z. Souissi

Muitos tunisinos estão felizes com o fim das eleições e aguardam que o novo presidente consiga resolver os grandes problemas que o país enfrentou até agora, como disseram aos jornalistas muitos cidadãos.

“Há tantos, tantos problemas na Tunísia: Primeiro, os preços e, em seguida, a limpeza das ruas… Tornou-se tudo tão sujo… Os licenciados também estão desempregados… E depois temos também temos o terrorismo!". Para outra cidadã: "O Presidente deve ser competente e responsável, desempenhar bem o seu papel, tanto na Tunísia como no estrangeiro… Espero que a imagem da Tunísia melhore no estrangeiro. Era bom que a Tunísia voltasse a ser o que era antes".

Entretanto, de acordo com a chefe da missão europeia de observação eleitoral, Annemie Neyts-Ueyttebrock, as eleições de domingo na Tunísia foram pacíficas.

"As eleições decorreram admiravelmente bem. Trata-se de uma verdadeira vitória para a democracia na Tunísia, com uma afluência às urnas na ordem dos 60 por cento. Espero que os dois candidatos demonstrem agora a maturidade política que os eleitores esperam deles", declarou à televisão francesa France 24.

Essebsi consolidou resultados das legislativas

Recorde-se que a vitória na primeira volta de Essebsi, 88 anos, consolidou os resultados obtidos nas legislativas de 26 de outubro pelo seu partido laico Nidaa Tounès, uma coligação heterogénea de militantes de esquerda, sindicalistas, empresários e antigos membros do regime, unidos pela oposição aos islamitas do partido Ennahda.

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Essebsi disputou a presidência com o presidente cessante, o histórico opositor Moncef Marzouki, 69 anos, que viveu anos no exílio em França e, regressado à Tunísia após a revolução de 2011, foi eleito presidente interino pela Assembleia Constituinte.

Estas eleições encerraram o ciclo de transição política iniciado com a revolução de 2011 que depôs Zine el Abidine Ben Ali, que estava no poder há 23 anos.