Essebsi reivindica vitória nas eleições presidenciais da Tunísia
21 de dezembro de 2014O grupo político do candidato à presidência da Tunísia Béji Caid Essebsi reivindicou vitória nas eleições presidenciais realizadas neste domingo (21/12) logo após o fechamento das urnas, sendo contestado em seguida pelos apoiadores do rival Moncef Marzouki, atual presidente interino.
Resultados preliminares divulgados pelo canal de televisão Nessma mostraram Essebsi com 52,8% dos votos, enquanto Marzouki estaria com 47,2%. Levantamento feito pela empresa Sigma Conseil também indica vitória de Essibsi, com 55,5%. Os resultados oficiais, no entanto, só devem ser divulgados entre segunda-feira e terça-feira desta semana.
"Dedico minha vitória aos mártires da Tunísia. Agradeço a Marzouki, e agora temos que trabalhar juntos, sem excluir ninguém", declarou Essebsi a um canal televisão.
Esta é a primeira vez desde a independência do país, em 1956, que os tunisianos escolhem livremente seu presidente. O pleito ocorre quase quatro anos após a queda do ditador Zine el-Abdine Ben Ali, em janeiro de 2011 durante a revolução tunisiana. Estas eleições são consideradas o desfecho da transição democrática pela qual vive o país.
Essibsi era considerado favorito na disputa. No primeiro turno, realizado no mês passado, o ex-primeiro-ministro de 88 anos terminou com 39,5% dos votos, à frente do antigo ativista de direitos humanos Marzouki, 69, em segundo com 33,4%.
A vitória de Essebsi no primeiro turno consolidou o ótimo resultado nas eleições legislativas de sua coligação partidária, formada por militantes de esquerda, sindicalistas, empresários e antigos membros do regime, unidos pela oposição aos islamitas do partido Ennahda. Essebsi pertence ao partido laico Nidaa Tounès.
Ataques no dia de votação
O novo presidente terá que enfrentar duros desafios. Entre eles, restabelecer a segurança na Tunísia, onde insurgentes islâmicos são suspeitos de realizar ataques especialmente contra as forças de segurança.
Segundo um porta-voz do Ministério da Defesa, horas após a abertura das urnas, um homem armado foi morto durante uma troca de tiros com militares que faziam a segurança de um local de votação no sul de Túnis. Outro suspeito de ataque foi morto e três acabaram presos na cidade de Kairouan, a 155 quilômetros da capital. Um soldado ficou ferido.
Nas áreas próximas da fronteira com a Argélia e consideradas mais vulneráveis, as autoridades reduziram o tempo de votação. Cerca de 100 mil policiais e soldados foram às ruas fazer a segurança neste domingo.
Berço da Primavera Árabe, a Tunísia é tida como um exemplo para outros movimentos árabes por ter conseguido evitar fortes divisões internas após a revolução. Revoltas na Líbia, Síria e no Iêmen acabaram levando a violentos conflitos. No Egito, o presidente islâmico Mohammed Morsi, eleito em 2012, acabou sendo deposto pelas Forças Armadas no ano seguinte.
MSB/dpa/rtr/lusa