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Educação

Angola: Universidades privadas à beira do colapso

2 de julho de 2020

Universidades privadas e público-privadas podem declarar falência caso o ano letivo não reabra a 13 de julho. É um alerta da Associação de Instituições de Ensino Superior Privado Angolanas.

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Foto: picture-alliance/imageBROKER/S. Belcher

Os custos aumentam nas universidades, mas a maior parte dos estudantes não está a pagar as propinas desde que as aulas foram suspensas, por causa da pandemia da Covid-19. Se as universidades não reabrirem já a 13 de julho, como está previsto, podem ter de declarar falência, alerta a Associação de Instituições de Ensino Superior Privado Angolanas (AIESPA).

Para Cesaltina Kulanda, professora no Instituto Politécnico Gregório Semedo, há motivos para preocupação, uma vez que "em termos de finanças, [as instituições] dependem grandemente do pagamento das propinas por parte dos estudantes".

"Se isso não acontecer, claro que não têm como fazer pagamento aos professores", adverte.

Os professores e funcionários administrativos das universidades privadas já estão a passar um mau bocado. Um docente, que prefere falar na condição de anonimato, explica que os "professores estão tecnicamente desempregados" desde a suspensão das aulas devido à Covid-19, "porque os mesmos não têm estado a receber salários, pese embora algumas instituições optem por pagar o salário base".

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"Há instituições que pagam 50% a 30% do salário, mas há aquelas que têm mesmo dificuldades de processar os salários desde o mês de fevereiro e março", explica.

Cesaltina Kulanda, professora de Língua Portuguesa e de Técnicas de Comunicação e Expressão, admite que a suspensão das aulas tem causado transtornos de âmbito financeiro: "É dali que sai o nosso sustento, o sustento das nossas famílias. Também é desta remuneração que dependem as nossas pesquisas e os nossos mais variados trabalhos ligados à docência".

Futuros adiados

Bernabé Kassinda Lucas, estudante finalista do curso de Contabilidade e Administração no Instituto Superior Técnico de Angola (ISTA), uma instituição privada sediada em Luanda, alerta também para as consequências negativas que a falência teria para os estudantes, que acabam "por ser prejudicados significativamente, porque é uma meta que foi criada".

"Eu vou estudar durante quatro anos e, depois de quatros anos, no ano 'x' vou terminar - e acaba por não terminar, porque a universidade foi automaticamente cancelada, o ano letivo foi cancelado ou a universidade foi à falência", lamenta.

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Também Pedro Vasco Ussona, estudante do Instituto Superior Politécnico Privado do Luena (ISPP), na província angolana do Moxico, receia o pior: "Nós temos objetivos nas nossas vidas e, uma vez que alguém decide ir fazer um curso ao nível do ensino superior, é claro que tem uma meta a atingir. Obviamente que quando isso não se cumpre é exaustivo".

E não é só isso. Uma eventual declaração de falência das universidades teria um efeito de bola de neve, refere o analista angolano Agostinho Sicatu, lembrando que "também as famílias entram em falência, haverá maiores dificuldades e mais desemprego".

"Parar não é solução"

Se as universidades declararem falência, lembra Agostinho Sicatu, "serão obrigadas a despedir os professores e outros funcionários administrativos que têm".

Diante desta situação, o analista vê apenas uma solução: reabrir as universidades no país. "Parar também não é a solução, porque a vida dos angolanos está parada desde março, praticamente. Estas universidades não produzem desde março. Parar o ano todo é catastrófico. Agora, tem de se encontrar alternativas", afirma.

Mas há condições para que as universidades voltem a abrir? A professora Cesaltina Kulanda garante que "da parte dos professores há essa vontade de retomar as aulas". Os estudantes, acredita, "poderão também afluir aos centros superiores de ensino quando se aperceberem de que os professores estão ali e os cuidados também estão acautelados".

A reabertura do ano letivo em Angola está prevista para 13 de julho, mas teme-se que possa ser adiada numa altura em que o país regista um aumento vertiginoso de novos casos de Covid-19.

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