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Angola: Exonerações indiciam instabilidade governativa?

22 de novembro de 2024

Por que razão os auxiliares do Presidente João Lourenço não perduram no seu Governo? Angolanos ouvidos pela DW questionam sobre as últimas exonerações efetuadas pelo chefe do executivo de Angola.

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Angola - Luanda | Presidente João Lourenço
João Lourenço é conhecido em Angola como o "exonerador implacável" Foto: Julio Pacheco Ntela/AFP/Getty Images

Paula Simões, ex-ministra do Ensino Superior, Ciência e Inovação, fez apenas quatro meses no cargo ao serviço do Governo do Presidente João Lourenço. É o mais recente caso de exonerações no executivo angolano, o que leva o cidadão comum a questionar sobre a curta duração de governantes no elenco.

Em declarações à DW, o jornalista angolano Ilídio Manuel aponta duas possíveis razões que estão na base da atitude do "exonerador implacável" – nome dado a João Lourenço por causa das sucessivas exonerações e nomeações que marcaram o princípio do seu primeiro mandato. 

Em finais de outubro, o Presidente angolano exonerou Eugénio Laborinho, que tutelava o Ministério do Interior, e no seu lugar colocou Manuel Homem, antigo Governador de Luanda. Para Benguela, João Lourenço nomeou Manuel Nunes Júnior substituindo Luís Nunes, que assume agora a mesma pasta na capital angolana. 

Mas, quatro meses antes, o Presidente angolano tinha indicado a médica Paula Simões para o cargo de ministra do Ensino Superior, Ciência e Inovação. A médica foi exonerada esta quarta-feira (20.11).

 Ilídio Manuel, jornalista angolano
Ilídio Manuel diz que exonerações podem querer dizer que João Lourenço "tem sido infeliz na escolha dos seus auxiliares"Foto: Borralho Ndomba/DW

"Ou as pessoas nomeadas não são capazes de dar conta do recado ou o Presidente da República tem aquilo a que se chama na gíria de dedo pobre", analisa Ilídio Manuel. "Aliás, isso significa que tem sido infeliz na escolha dos seus auxiliares", precisa o jornalista.

Na mesma senda, foi igualmente exonerado António Assis, ministro da Agricultura e Florestas. Isaac dos Anjos passou a ocupar o cargo, enquanto Albano Lopes Pereira passa a responder pela pasta do Ensino Superior angolano. 

O problema está em quem lidera?

Ilídio Manuel entende que "não se justificam tantas exonerações ao ponto de se perder a conta". Na sua perspetiva, isto "significa que há uma certa instabilidade governativa”. Para Manuel, "é como que estivessem em experiência e caso não correspondessem às expectativas do Presidente da República acabam exonerados".

E por que razão os auxiliares do Presidente angolano não demoram no seu Governo? O ativista Nelson Euclides Mucazo considera que o problema não está, muitas vezes, nas pessoas exoneradas, mas sobretudo em quem lidera.

"Porque, quando o líder não [assume] uma posição de líder fica difícil. Vimos que, desde 2017, João Lourenço já exonerou centenas de ministros e centenas de governadores, mas a coisa continua pior", constata Euclides Mucazo.

Além dos militantes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o partido no poder, o Presidente João Lourenço também tem experimentado quadros das academias angolanas como, por exemplo, da Universidade Católica de Angola. 

"Mesmo os quadros de fora quando entram no MPLA ficam fragilizados", afirma Nelson Euclides Mucazo. "Não sei qual é o problema", conclui o ativista.

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