Angola pede mais dinheiro à China
22 de agosto de 2018De 3 a 4 de setembro, Angola participa no Fórum de Cooperação China-África, com uma delegação que será chefiada pelo Presidente João Lourenço. Espera-se que sejam negociados mais de 10 mil milhões de euros. A linha de crédito servirá para construção de infraestruturas como o novo Aeroporto Internacional de Luanda.
Em declarações à DW África, o economista Francisco Paulo, do Centro de Estudos e Investigação Cientifica da Universidade Católica de Angola, espera que estes investimentos signifiquem mais benefícios para os angolanos. "É importante que este novo governo garanta que esse dinheiro que se vai obter seja aplicado exactamente nas infraestruturas que terão grandes repercussões económicas e sociais", defende.
O economista sublinha que é necessário um "retorno económico e social" deste dinheiro. "Não como aconteceu no consulado anterior, em que gastamos tanto dinheiro, ou pedimos tanto dinheiro à China, para poder fazer a reconstrução das infraestruturas e hoje quase todas elas estão degradadas e é preciso construir novas estradas e pontes, lembra Francisco Paulo. "Temos de saber que esse dinheiro é dívida", acrescenta.
Reconstrução com dinheiro chinês
As relações económicas e comerciais entre Angola e China intensificaram-se em 2002, com o fim da guerra civil. O gigante asiático desembolsou milhares de euros para reconstrução de Angola.
"A reconstrução de Angola não foi feita com dinheiro angolano, foi feita com o empréstimo chinês. Quer dizer que é a China que deteve os seus dinheiros e Angola limitava-se a solicitar destes valores aquilo que precisava reconstruir", lembra David Kissadila, especialista em políticas públicas.
Em 2017, a dívida bilateral e comercial de Angola com a China ascendia a mais de 18 mil milhões de euros.
Apoio do FMI
Por outro lado, o Ministério das Finanças anunciou que o Governo angolano também solicitou apoio financeiro ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Uma equipa do FMI esteve em Luanda no início deste mês.
Francisco Paulo saúde a solicitação do apoio, mas diz que medida peca por tardia. Na opinião do economista, este pedido devia ter sido feito na altura em que se solicitou assistência técnica ao FMI.
Como Angola é um país membro, lembra o especialista, os empréstimos concedidos serão com a taxa mais baixa do mercado. "O FMI também poderá ajudar o Governo angolano a implementar as políticas necessárias para poder equilibrar a balança de pagamentos e poder alcançar a estabilidade macroeconómica que o país precisa", afirma.