Angola: Os desafios da primeira ministra das Finanças
26 de outubro de 2019Vera Esperança dos Santos Daves de Sousa nasceu na província de Luanda. Formou-se em economia na Universidade Católica de Angola, onde também é docente, e, aos 35 anos, é a primeira mulher a ocupar o cargo de ministra das Finanças em 44 anos de independência de Angola.
O jurista Manuel Pinheiro caracteriza a governante como "uma pessoa de fácil comunicação e que vem desempenhando vários cargos no aparelho governativo".
Entre os cargos exercidos pela nova ministra está o de administradora executiva da Comissão de Mercado de Capitais, entre 2014 a 2016, e de presidente da Comissão de Mercado de Capitais, de setembro de 2016 a outubro de 2017.
Antes de ser nomeada ministra, Vera Daves foi secretária de Estado para as Finanças e Tesouro. Rendeu no cargo Augusto Archer de Sousa Mangueira, que ocupa agora a pasta de governador da província do Namibe, no sul do país.
Consolidar Finanças
Agora, Daves tem uma grande tarefa pela frente: consolidar as finanças públicas. Depois de tomar posse, a 9 de outubro, a ministra disse que essa é uma das suas prioridades:
"Queremos continuar o curso da consolidação fiscal para assegurarmos os indicadores da boa saúde financeira do Estado, que se reflitam no bem-estar das populações. Sabemos que nem tudo depende do ministério das Finanças, o Executivo é constituído por vários departamentos ministeriais, o que vamos ter que fazer é trabalhar em equipa".
A economia angolana está em recessão. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê para este ano um crescimento económico negativo de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Em agosto, a inflação rondou os 18%, e a dívida pública aumenta cada vez mais face à quebra das receitas do petróleo.
O FMI estima que o endividamento público suba este ano para 95% do PIB.
No ano passado, Vera Daves disse que 25% da dívida pública era resultante de serviços não prestados ao Estado. O jurista Manuel Pinheiro entende que, agora, como ministra, Daves poderá explicar melhor a questão.
"Penso que chegou o momento processual oportuno de ela, na qualidade de ministra das Finanças, explicar à Nação os contornos da dívida pública angolana cada vez mais crescente e, segundo as suas próprias palavras, 25% da mesma pode ter sido induzida. Uma dívida que, na verdade, não correspondente a encargos contraídos pelo Estado angolano."