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"Dividas ocultas": Oposição angolana quer explicação de JLO

Manuel Luamba
30 de janeiro de 2019

Opositores querem que Presidente angolano se pronuncie sobre alegada ligação com as “dívidas ocultas” de Moçambique. UNITA e CASA-CE, partidos da oposição em Angola, exigem também tomada de posição da PGR

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Berlin Joao Lourenco Präsident Angola
Foto: DW/Cristiane Vieira Teixeira

Continuam as reações à possível ligação do Presidente angolano a empresas envolvidas no escândalo das "dívidas ocultas" em Moçambique. A denúncia foi feita pela consultora EXX Africa, que alerta que Angola pode enfrentar riscos reputacionais por causa de negócios feitos em 2015, quando João Lourenço era ministro da Defesa.

Embora o Presidente esteja atualmente em visita privada aos Estados Unidos da América, Lindo Bernardo Tito, da CASA-CE, a segunda maior força política da oposição em Angola, quer que João Lourenço, agora na qualidade de chefe de Estado, se pronuncie sobre o caso.

Oposição quer explicação de João Lourenço sobre envolvimento com entidades suspeitas

"O Presidente da República devia dar explicações aos angolanos sobre essa possível ligação ao escândalo das dívidas ocultas de Moçambique, que já levou para prisão o antigo ministro das Finanças daquele país”, afirma Tito.

Já Alcides Sakala, deputado e porta-voz da UNITA, o maior partido da oposição angolana, quer que a Procuradoria-Geral da República investigue as denúncias da consultora.

"Estamos a acompanhar, como poderá imaginar, com bastante atenção. É nosso entendimento que perante estas informações recorrentes, a Procuradoria-Geral da República já devia ter tomado posições para melhor enquadramento desta matéria. Acredito haver aqui matéria suficiente para o Ministério Público tomar as medidas que se acharem as mais apropriadas”, diz Sakala.

Credibilidade em risco

Alcides Sakala
Deputado Alcides SakalaFoto: DW/J. Carlos

Num relatório especial, a consultora destaca a ligação entre o Governo de Angola e a empresa Privinvest, liderada pelo libanês Jean Boustani. O principal suspeito no caso das "dívidas ocultas" de Moçambique foi detido nos Estados Unidos no início do ano. O Ministério da Defesa de Angola, na altura liderado por João Lourenço, chegou a fazer um contrato de 495 milhões de euros para comprar barcos à Privinvest, num contrato com muitas semelhanças com as empresas que estão no centro do escândalo das dívidas ocultas, revelou a consultora. As ligações e os negócios feitos podem "minar o ímpeto muito popular e mediático contra a corrupção", diz ainda o relatório.

O combate à corrupção e a impunidade tem, de facto, sido o cavalo de batalha do Presidente angolano, que a comunidade internacional tem visto com bons olhos. Mas, para Lindo Bernardo Tito, essa luta pode ser posta em causa por causa desta alegada ligação.

"Se o Presidente não se pronunciar, irá se criar sobre ele uma imagem menos boa, o que poderá perder credibilidade na sua vontade de combater a corrupção, o nepotismo e a impunidade quem se coloca num desafio com este deve ter a ficha limpa”, conclui.