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Angola: "O aumento do preço do gasóleo será muito doloroso"

25 de abril de 2024

Em Angola, o litro de gasóleo aumentou de 135 para 200 kwanzas. O aumento do preço terá como principal consequência a inflação e perda de poder de compra das famílias que "já vivem com dificuldades", alerta economista.

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Preço do litro de gasóleo aumentou de 135 para 200 kwanzas
Preço do litro de gasóleo aumentou de 135 para 200 kwanzasFoto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Em Angola, a poucos dias do fim das subvenções ao combustível, o Instituto Regulador dos Derivados do Petróleo anunciou esta semana o aumento do preço do gasóleo de 135 kwanzas para 200 kwanzas.

Na sequência, a Associação dos Taxistas de Angola prometeu a subida "irreversível" da tarifa do táxi nos próximos dias, devido ao "preocupante" aumento do preço do combustível e aos elevados custos operacionais da atividade. 

Em entrevista à DW, o economista Carlos Rosado de Carvalho explica que os subsídios aos combustíveis "são ineficientes e caros". "O Governo gasta mais a subsidiar combustíveis do que gasta com a educação e a saúde, juntas", justifica. 

Rosado de Carvalho sublinha que "não há dúvidas de que o aumento do preço do gasóleo será muito doloroso" para os angolanos.

DW África: Que impactos o aumento do preço do gasóleo terá na economia e quais deverão ser os setores mais afetados?

Carlos Rosado de Carvalho (CRC): O primeiro impacto é direto. As pessoas quando abastecem na bomba de combustível vão pagar mais caro. E, por causa da entrada do gasóleo na cadeia de produção, vamos ter depois outros preços a aumentarem. Portanto, o principal efeito é a inflação. E como os salários normalmente, não acompanham a inflação, teremos ainda a perda de poder de compra. Não há dúvidas de que este aumento do preço do gasóleo será muito doloroso.

Carlos Rosado de Carvalho, economista
"O Governo gasta mais a subsidiar combustíveis do que gasta com a educação e a saúde", Carlos Rosado de CarvalhoFoto: N. Sul d'Angola

O Governo no ano passado gastou com a educação 1,8 bilhões de Kwanzas (1,8 mil milhões de euros). Ou seja, o Governo gasta mais a subsidiar combustíveis do que gasta com a educação e a saúde, juntas. Portanto, é uma situação que não se pode manter. Os subsídios são ineficientes e caros.

DW África: Devido ao aumento do preço do gasóleo, taxistas propõem 300 kwanzas como preço do táxi, ou seja o dobro, já a partir de maio. Este preço é ajustado à realidade económica e social dos taxistas e dos passageiros? Como vê a reivindicação da classe?

CRC: Oficialmente o preço é de 150 kwanzas. Mas ninguém pratica esse preço, porque vigora há muitos anos. O Governo nunca aceitou rever essa tarifa. Mas essa tarifa é uma formalidade, os taxistas não cobram este dinheiro. Os taxistas encurtaram as rotas, muitas vezes cobram mais dinheiro em função se chove ou não, ou se está muita gente na paragem. Não tenho condições de dizer, honestamente, se essa tarifa de 300 kwanzas é, ou não, adequada. Para os passageiros, para as famílias angolanas vai ser muito difícil suportarem esses 300 kwanzas. Vai ser muito difícil. Já vivem com dificuldades e portanto vai ser muito mais difícil.

DW África: E tudo isto no contexto de uma greve geral no país. Tensões podem se agravar? Que cenário antevê?

CRC: Há um comunicado do Governo que dá instruções à política e aos militares para reforçarem a prevenção. E portanto, é o próprio Governo que teme que esta situação dos combustíveis possa se agravar. E há um risco de manifestações. Irá depender da forma como o Governo vai reagir a eventuais manifestações. Sem os aumentos já há greves e reivindicações no sentido da reposição do poder de compra. Se as pessoas estão a perder o poder de compra, é natural que se manifestem e até reivindicando uma melhor governação. Faz parte da democracia.

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Tainã Mansani Jornalista multimédia