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Alemanha: A longa espera dos refugiados

Moses Mutabaruka | Lusa
27 de dezembro de 2017

Na Alemanha, milhares de refugiados estão à espera de que as suas famílias possam juntar-se a eles. Os parentes de muitos também se encontram na Europa, mas a burocracia impede que eles se movam de um país para o outro.

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Deutschland Sexualverbrechen gegen Migrantinnen in Flüchtlingsheimen
Na foto, uma refugiada da Nigéria a observar o rio Reno, em ColóniaFoto: picture-alliance/dpa/M. Skolimowska

Em Colónia, a DW conheceu os irmãos Mouayyad e Abdulrahman Alissa. Há dois anos, eles sonham com a chegada dos seus pais, que atualmente vivem na Grécia, onde se encontram bloqueados pela burocracia, sem poder deixar o país.

Mouayyad e o seu irmão mais novo, Abdulrahman, gostam de viver em Colónia, a sua nova casa. Mas para a felicidade ser completa, eles dizem que falta o resto da família perto deles. Os dois irmãos viajaram da Síria pela rota dos Balcãs até chegar à Alemanha, em meados de 2016.

Desde então, Mouayyad e Abdulrahman estão à espera de que os seus pais se juntem a eles, legalmente.

"As pessoas aqui nos disseram que isto demoraria um ou dois meses", conta Mouayyad.

Mas quase dois anos se passaram. Enquanto isso, Mouayyad é o responsável pelo irmão mais novo. Ele conversa com a sua família todos os dias pela internet. O pequeno diz que a mãe, Fathia Yaseen, pergunta-lhe sempre a mesma coisa:  "O que fizeste na escola hoje?"

27.12.17 - neu Refugiados Alemanha - MP3-Stereo

Bloqueados na Grécia

O resto da família está a viver em Salónica, no norte da Grécia. Apesar da permissão das autoridades alemãs, eles ainda não conseguiram viajar para Colónia, por causa da burocracia grega. Milhares de refugiados encontram-se bloqueados na Grécia, após diversos países europeus terem encerrado as suas fronteiras em 2016. A mãe Fathia Yaseen sente saudades.

"É muito difícil. Eles estão tão longe. Eu gostava de lhes dar um abraço", lamenta.

Para a família, voltar à Síria é algo impensável, mesmo depois que a guerra termine. Um dos filhos de Fathia morreu baleado em Aleppo quando tinha 22 anos de idade.

"Ainda sonho com ele. No último sonho, ele deitava a cabeça no meu colo e eu acariciava-lhe a barba. Eu disse-lhe, no sonho, que sinto muito a sua falta", conta Fathia.

Os outros filhos de Fathia tentam manter a alegria da família. Amar, de 18 anos de idade, vai à escola em Salónica e tentou aprender alemão sozinha, na esperança de viver com os irmãos em Colónia. Mas ela está cansada de esperar:

"Já se passaram dois anos desde que vi os meus irmãos. Todos nós - a nossa mãe, os meus irmãos. É muito tempo", considera Amar.

Em Colónia, os dois irmãos tentam ser pacientes. Assim como os pais de Mouayyad e Abdulrahman, cerca de 4.500 refugiados estão à espera para se juntarem às suas famílias na Alemanha.

Mouayyad tem uma mensagem para a sua família: "Tenho saudades e estou à espera de vocês", desabafa.

Deutschland Die städtische Flüchtlingsunterkunft Herkulesstraße in Köln-Ehrenfeld
Local onde vivem muitos refugiados, em Colónia, na AlemanhaFoto: Imago/Manngold

Conflitos políticos

Cerca de 1.000 pessoas provenientes da Grécia com documentos falsos foram intercetadas nos aeroportos alemães entre janeiro e outubro deste ano. 

A polícia grega atua com regularidade contra os 'gangues' especializados na falsificação de documentos, sobretudo sediados em Atenas, e que são fornecidos a troco de dinheiro aos requerentes de asilo que pretendem abandonar o país balcânico. 

Em novembro, a polícia aeroportuária alemã reforçou os seus controlos, incluindo dos cidadãos alemães provenientes da Grécia, precisou fonte policial.

A imprensa alemã acusou recentemente a Grécia - que em 2016 acolheu cerca de 60.000 refugiados e migrantes no seu território - de "fechar os olhos" à saída do país de muitos requerentes de asilo, provenientes do Médio Oriente, Ásia ou África. 

Estas alegações foram firmemente rejeitadas pelo ministério grego das Migrações. 

A Alemanha permanece um destino privilegiado para os milhares de migrantes que se encontram bloqueados na Grécia, após diversos Estados europeus terem encerrado as suas fronteiras em 2016.