Volkswagen quer liderar futura aliança com MAN e Scania
9 de outubro de 2006A oferta de aquisição da Scania por 9,6 bilhões de euros pela tradicional empresa de Munique MAN – considerada hostil tanto pelo Conselho Administrativo da montadora sueca quanto por seus dois principais acionistas, Volkswagen e Investor – desencadeou uma verdadeira reformulação do segmento de veículos de carga.
Na quarta-feira passada (04/10), a Volkswagen – que já detinha 34% da Scania – surpreendeu o mercado com o anúncio da compra de 15% das ações da MAN, embora garanta que não esteja interessada na aquisição integral da empresa.
Agora, uma aliança tripartite entre MAN, Scania e Volkswagen ou até mesmo a fusão das mesmas, sob liderança da VW, tornam-se cada vez mais prováveis. Na segunda-feira (09/10), a MAN admitiu retirar sua oferta, conforme exigido pela Volkswagen, desde que fossem respeitadas certas condições.
Em seguida, o presidente da Volks, Bernd Pischetsrieder, deu um prazo de quatro semanas para que MAN e Scania cheguem a um acordo de cooperação.
Volkswagen impõe condições
No entanto, a Volkswagen impõe limites à negociação. "A VW não aceitará nenhuma sugestão que sacrifique possíveis sinergias", disse Pischetsrieder. Caso as duas montadoras não atendam às demandas da Volkswagen, a empresa ameaça com medidas hostis. "Não haveria outra solução", disse, sem mencionar detalhes.
Anteriormente, Pischetsrieder apresentara uma lista com seis pontos nos quais espera uma maior cooperação, entre outros, nos setores de desenvolvimento, vendas, serviços, financiamento e gerenciamento de frotas.
Pela primeira vez, ele admitiu que a proteção da unidade de veículos comerciais leves da Volkswagen fora um dos principais motivos por trás da aquisição de parte da Scania em 2000 e agora da MAN.
Segundo ele, muitos clientes da empresa no setor são hoje grandes clientes, que esperam obter serviços de uma única fonte, e "não mais o padeiro da esquina". No entanto, não é a unidade de veículos leves que faria parte da aliança planejada, mas sim a unidade brasileira de fabricação de veículos utilitários.
Sindicatos e funcionários advertem
Por enquanto, muitas perguntas permanecem sem resposta. Especula-se que a Volkswagen estaria interessada em uma aliança apenas com a unidade de caminhões e ônibus da MAN, o que poderia provocar a divisão da tradicional montadora alemã, no ramo há mais de 200 anos.
O presidente do Conselho de Funcionários da MAN, Lothar Pohlman, adverte que tal medida significaria cortes no corpo de funcionários da empresa. O sindicato dos metalúrgicos, IG Metall, aprova a aliança entre as empresas, mas igualmente recusa a divisão da MAN.