Vivendo dentro de um cubículo
29 de janeiro de 2006Literalmente mais parecidos com caixas do que qualquer outra coisa, os oficialmente chamados students’ lofts são a criação dos arquitetos Sven Becker e Michael Sauter. Com essa idéia, eles também oferecem uma solução para o problema de acomodação a um preço acessível nas grandes metrópoles não só da Alemanha, mas do mundo.
Becker e Sauter estudaram em Stuttgart, cidade localizada no sudoeste da Alemanha. Lá eles não escaparam da agonia que quase todos os estudantes enfrentam em época de universidade: achar uma acomodação ao alcance dos seus bolsos. Foi essa experiência, aliada à necessidade de apresentar um projeto convincente no final do curso, que os levou a planejar o "ultimato do compacto": moradias minúsculas, mas atrativas.
O loft é essencialmente um quarto de oito metros quadrados que pode ser ampliado para até 20 metros quadrados de espaço para viver. Além disso, pode ser alugado por curto ou médio prazo por um preço acessível. Mas segundo Michael Sauter, essa não é a melhor novidade. "Percebemos que, enquanto que de um lado havia uma grande falta de acomodação para estudantes, cidades como Stuttgart possuem muitas salas comerciais vazias que poderiam ser usadas."
E foi isso que eles fizeram. Instalaram seus "cubículos" dentro de amplos espaços comerciais vazios, criando conseqüentemente pequenas comunidades estudantis. Cada espaço compreenderia entre 10 a 15 cubículos individuais, e para cada quatro unidades, haveria uma cozinha e um banheiro coletivo.
"Exatamente como em um apartamento comum habitado por mais de uma pessoa", disse Sauter, que propõe destinar os espaços ainda disponíveis para salas de ginástica e de acesso à internet.
Grande jogada
Desde que lançaram seus cubículos, que custam entre 7500 e 10.000 euros, Becker e Sauter não param de receber consultas de interessados. Está em debate a utilização para os fãs do futebol que virão para a Copa do Mundo, bem como albergues da juventude, ateliês de artistas ou até mesmo como pequenas vilas para estudantes na Turquia.
"A maravilha deste conceito é a flexibilidade. Nós faremos os pisos e pinturas das paredes do prédio onde os cubículos forem instalados. Então, após um tempo, caso a acomodação não seja mais necessária, os cubículos podem ser removidos novamente e o espaço aproveitado para outra coisa."
Esse tipo de adaptabilidade é o que torna tal alternativa de moradia tão popular. Um outro arquiteto alemão, Werner Aisslinger, lançou recentemente a idéia de criar espaçosos loftcubes, os quais poderiam ser instalados em qualquer lugar, até mesmo no topo de prédios. Embora menos vantajosos do que a oferta inovadora de Becker e Sauter, os cubes prometem aos seus moradores vistas incomparáveis a um preço que não daria para comprar sequer um porão em uma esquina em cidades tais como Londres, Paris ou Nova York.
Pequenos luxos
Já os arquitetos baseados em Munique John Höpfner e Lydia Haack receberam da Universidade de Munique a incumbência de produzir uma série de "casas microcompactas", as quais diferem dos lofts em Stuttgart porque precisam ser montadas em terrenos amplos. Embora também sejam vistas como uma solução para as dificuldades dos estudantes em encontrar acomodação, elas têm uma variedade de outros usos.
"Elas podem ser usadas para acomodar hóspedes ou em grandes eventos. Nós temos tido interesse de hotéis e de spas no interior. E claro que elas também interessam a estudantes, pois a universidade pode alugar um espaço por alguns anos, construir as casas, e uma vez que o contrato tenha terminado, passá-las para outra pessoa", disse Höpfner.
As "casas microcompactas" são mais caras que suas concorrentes criadas para ser montadas em edifícios já prontos: custam 35 mil euros no ato. Mas valem seu preço. Este modelo de moradia versátil vem equipado com uma cama larga, cozinha, toalete e ducha, gás, eletricidade, telefone e conexão para internet.
Höpfner diz que as sete moradias já em uso em Munique têm feito sucesso entre os estudantes. Eles gostam do design, da proximidade com a natureza e do fato de que o pequeno espaço é flexível. "O espaço é usado de uma forma inteligente. Os móveis podem ser removidos do lugar e não precisam estar em lugares específicos para dar mais espaço", enfatizou. "As moradias não passam uma sensação claustrofóbica, são bem ajustadas. São pequenas, mas não apertadas."