1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Violência na Índia após condenação de guru

25 de agosto de 2017

Líder espiritual Gurmeet Ram Rahim Singh foi considerado culpado por estuprar duas seguidoras, e veredicto irrita devotos. Confrontos com polícia matam mais de 30 e ferem centenas. Mais de mil pessoas são detidas.

https://p.dw.com/p/2irnn
Indien Panchkula - Ausschreitungen Unterstützer des religiösen Führers Gurmeet Ram Rahim Singh
Os confrontos mais intensos ocorreram na cidade de Panchkula, onde fica o tribunal que condenou o guruFoto: Getty Images/AFP/M. Sharma

Confrontos em protestos no norte da Índia deixaram ao menos 32 mortos e cerca de 250 feridos nesta sexta-feira (25/08), depois de um tribunal condenar um líder espiritual por estupro.

O guru Gurmeet Ram Rahim Singh, que tem milhares de seguidores, foi considerado culpado por estuprar duas devotas de seu movimento, Dera Sacha Sauda, na cidade de Sirsa em 2002.

O anúncio do veredicto nesta sexta-feira irritou os seguidores de Singh, que defendem sua inocência. Reunidos em milhares na cidade de Panchkula, onde fica o tribunal responsável pelo caso, eles atiraram pedras e atacaram veículos de imprensa em frente à corte.

Foram registrados também ataques em propriedades públicas, incluindo edifícios governamentais. Policiais reagiram com gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar os manifestantes. Há relatos de que as autoridades chegaram a disparar tiros no ar.

Os confrontos mais intensos ocorreram em Panchkula, onde houve vários mortos, mas protestos violentos também foram registrados na capital, Nova Déli, onde vários ônibus foram queimados, e em Sirsa, sede do movimento Dera Sacha Sauda.

Em protestos em várias outras cidades nos estados de Punjab e Haryana, no norte do país, houve ainda relatos de ataques em estações de trem e postos de combustível.

Esperando reações violentas após a condenação, a polícia tinha desdobrado 15 mil membros das forças de segurança para reforçar a segurança em Panchkula, que fica em Haryana.

Indien Panchkula - Ausschreitungen Unterstützer des religiösen Führers Gurmeet Ram Rahim Singh
Foto: Getty Images/AFP/M. Sharma

O diretor-geral da polícia do estado, B. S. Sandhu, que está em Panchkula, afirmou que a situação agora se encontra sob controle. As autoridades impuseram toque de recolher na cidade e em Sirsa. Centenas de pessoas foram detidas, segundo o policial.

"Os seguidores de Singh foram expulsos de Panchkula, enquanto mais de mil deles se encontram em prisão preventiva", informou Sandhu, de acordo com a agência de notícias indiana PTI.

O caso contra Singh eclodiu em 2002, quando uma de suas devotas enviou uma carta anônima ao então primeiro-ministro da Índia, Atal Bihari Vajpayee, acusando o guru de ter estuprado tanto ela como outras seguidoras.

O julgamento começou em 2008, quando duas mulheres decidiram testemunhar contra o líder. A sentença, que se espera que seja de sete a dez anos de prisão, será anunciada pela Justiça na segunda-feira. Singh foi levado de helicóptero para a prisão central da cidade vizinha de Rohtak para aguardar o anúncio.

Guru controverso

Não é a primeira vez que o líder espiritual atrai controvérsias. Em 2015, ele foi acusado de encorajar 400 de seus seguidores homens a fazer castração, supostamente para que pudessem se aproximar de Deus. Em 2002, ele foi julgado por conspiração pelo assassinato de um jornalista.

Indien - Guru und Religiöser Führer - Gurmeet Ram Rahim Singh Insan
O guru Singh, em foto de 2015Foto: picture-alliance/dpa/Str

Movimentos religiosos como o Dera Sacha Sauda costumam atrair muitas pessoas na Índia, particularmente cidadãos desiludidos com o governo. Singh alega ter 50 milhões de seguidores no país.

A página do movimento na internet descreve o guru como um santo, além de autor, inventor, filósofo, filantropo, ativista da paz e "o derradeiro humanitário".

Singh costuma aparecer em vídeos de música pop, bem como em seus próprios filmes de ação, nos quais ele derrota vilões e dirige motocicletas.

Antes do veredicto, o líder espiritual havia pedido para que seus defensores não recorressem à violência. "Sempre respeitei a lei", escreveu ele no Twitter. "Mesmo que eu tenha um problema nas costas, ainda assim, cumprindo a lei, eu irei ao tribunal. Tenho plena fé em Deus. Todos devem manter a paz."

EK/afp/ap/efe/rtr/dpa/lusa/ots