Vice-campeões ganham mas perdem simpatia dos fãs
17 de outubro de 2002Ganharam pontos e perderam simpatia: este foi o resultado colhido pela Seleção Alemã após a partida de quarta-feira à noite (16/19) em Hanôver contra as Ilhas Faroe, pelas eliminatórias da Eurocopa. O placar favorável de 2 a 1 não condiz com o título de vice-campeão mundial conquistado há três meses na Copa do Mundo. A fama dos supercraques anda sendo ofuscada pelos recentes resultados, como o empate no amistoso contra a Bósnia (1x1).
"Nós sabíamos que não tínhamos chances de ganhar este tipo de jogo. Mesmo que tivéssemos ganho por 3 a 1 ou 4 a 1 receberíamos críticas", disse o técnico alemão Rudi Völler, referindo-se à expectativa elevada da torcida e do mundo futebolístico com relação à partida disputada em casa contra as Ilhas Faroe: com o comentário, ele desviou a atenção para uma realidade visível, ou seja, o fraco desempenho de sua equipe.
Völler preferiu lembrar que os três pontos adquiridos com a vitória colocam a Seleção Alemã na liderança do grupo 5, com seis pontos em duas partidas. "Não há motivo para termos vergonha do resultado. Outras equipes ficariam contentes se pudessem estar em nosso lugar", avaliou o técnico com bastante irritação.
O primeiro gol foi marcado por Michael Ballack aos 2 minutos do primeiro tempo, criando no público que estava no estádio em Hanôver a esperança de uma noite de goleada. A segunda bola que entrou na rede, entretanto, foi uma decepção. Arne Friedrich fez um gol contra. "Isto pode acontecer com qualquer um. Não vou me desesperar por isso", foi seu comentário.
O gol que garantiu a vitória para a Alemanha foi marcado aos 14 minutos do segundo tempo por Miroslav Klose. " É difícil depois de um resultado como este falar bem do jogo", revelou Michael Ballack, acrescentando ainda que não tinha argumentos para justificar o desempenho da Seleção Alemã perante tal adversário.
Comemoração em grande estilo
O adversário, no caso, é a equipe das Ilhas Faroe, formada por trabalhadores comuns que treinam após o expediente e finais de semana e que não recebem somas milionárias para vestir a camiseta da seleção.
"Foi o melhor jogo da minha vida. A Alemanha é o segundo melhor time do mundo. Eu me lembrei disso durante todo o jogo. Talvez agora sejamos o terceiro melhor time do mundo", disse o eufórico artilheiro John Peterson, professor primário e estrela da seleção das Ilhas Faroe.
"Eu tenho orgulho dos meus jogadores, pois eles são amadores e conseguiram exibir um ótimo desempenho contra um poderoso adversário. Toda o arquipélago deve estar orgulhoso da gente. Nós mostramos ao mundo que sabemos jogar um bom futebol", elogiou o técnico das Ilhas Faroe, o dinamarquês Henrick Larsen, que treina a equipe a cada dois finais de semana.
Até algum tempo atrás, somente equipes profissionais tinham capacidade para enfrentar a Seleção Alemã. Porém, o que se viu em Hanôver foi um time de amadores que não ficou muito atrás da atuação dos craques alemães.
O sorveteiro Jakup Borg, o eletricista Oessur Hansen, ou mesmo o carpinteiro Frodi Benjaminsen não foram inferiores em campo às estrelas milionárias do futebol alemão como Torsten Frings, Carsten Ramelow e Carsten Jancker.