Venezuelanos voltam às ruas contra Maduro
20 de abril de 2017Um dia após a jornada de protestosque terminou com três mortes, várias pessoas feridas e mais de 500 detidos, milhares de venezuelanos voltaram às ruas nesta quinta-feira (20/04) em Caracas para protestar contra o presidente Nicólas Maduro. A marcha foi convocada pela oposição, e novamente houve repressão policial.
A convocatória foi feita pelo ex-candidato presidencial Henrique Capriles e exige a libertação de presos políticos, a realização de eleições na Venezuela e a abertura de um canal humanitário para a entrada de alimentos e medicamentos no país.
O opositor indicou que os protestos buscam a libertação dos políticos presos e que não ocorram mais inabilitações a dirigentes políticos, como a que foi aplicada a ele mesmo. Numa controversa sentença, a Controladoria Geral da Venezuela proibiu Capriles de exercer cargos públicos por 15 anos.
No leste de Caracas, grupos de estudantes universitários,começaram a reunir-se desde as primeiras horas do dia na Praça da França, em Altamira. Os manifestantes se concentraram em outros 25 pontos da cidade, de onde marcharão em direção à Defensoria Pública, no centro da capital.
Em alguns pontos, a Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militarizada) dispersou novamente os manifestantes com gás lacrimogêneo.
Esta é a sétima tentativa dos manifestantes de chegar à Defensoria Pública nas últimas três semanas. As outras marchas foram dispersadas por forças de seguranças antes de alcançarem o seu destino. A oposição deseja conseguir o apoio do órgão para exigir a queda de Maduro e pedir que o governo apresente um cronograma para eleições, suspenda a repressão contra as manifestações e respeite a autonomia da Assembleia Nacional, liderada pela oposição.
Assim como no dia anterior, o metrô da capital fechou 20 de suas estações no centro da cidade nesta quinta-feira. De acordo com a empresa, as estações estão fechadas "para proteger usuários, funcionários e instalações".
Onda de protestos
A onda de protestos na Venezuela resultou em ao menos oito mortes e dezenas de feridos. O primeiro ato ocorreu dias depois de o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), dominado pelo chavismo, ter decidido assumir as competências do Assembleia Nacional, de maioria opositora.
O golpe institucional foi amplamente condenado internacionalmente, e, sob pressão, o TSJ acabou revogando a decisão, o que não foi suficiente para reverter a profunda queda na popularidade de Maduro.
Os manifestantes foram às ruas pedir o afastamento dos juízes da Corte e protestar contra sentenças do TSJ que concedeu poderes especiais ao presidente e limitou a imunidade parlamentar.
A ONU expressou nesta quinta-feira preocupação com a situação na Venezuela. "Pedimos gestos concretos de ambas as partes para reduzir a polarização e criar condições necessárias para enfrentar os desafios do país em benefício do povo venezuelano", afirmou Stéphane Dujarric, porta-voz da organização.
CN/efe/lusa