Vazamento revela elo de políticos com offshores nas Bahamas
21 de setembro de 2016Apenas cinco meses após os chamados Panama Papers, um novo vazamento expôs políticos que usavam um paraíso fiscal para esconder seu dinheiro. O jornal alemão Süddeutsche Zeitung divulgou nesta quarta-feira (21/09) documentos referentes a offshores abertas nas Bahamas entre 1990 e 2016.
O vazamento inclui dados referentes a mais de 175 mil empresas-fantasmas e fundações com sede no paraíso fiscal. Os dados fazem parte do registro de empresas do governo das Bahamas.
Entre os nomes de maior destaque que aparecem nos chamados Bahamas Leaks está o da ex-comissária de concorrência da União Europeia (UE) Neelie Kroes. A holandesa, de 75 anos, aparece registrada como diretora de uma offshore durante o período que exercia sua função na UE. Integrantes da Comissão Europeia são proibidos de exercer outras funções.
A política informou que tudo se trata de um equívoco. Segundo o advogado de Kroes, a offshore, chamada Mint Holdings Limit, foi fundada em 2000 para um negócio com a empresa de energia americana Enron que acabou não saindo do papel e, portanto, a firma nas Bahamas nunca chegou a funcionar.
Além de Kroes, aparecem nos documentos os nomes de políticos como o ex-ministro colombiano de Minas Carlos Caballero Argáez, o ministro de Finanças canadense, William Francis Morneau, do vice-presidente angolano, Manuel Domingos Vicente, e da ministra do Interior britânica, Amber Rudd. A Federação Internacional de Tênis (ITF) também figura nos Bahamas Leaks.
Possuir offshores não é proibido, o problema surge, porém, quando essas empresas são usadas para cometer crimes, como lavagem de dinheiro ou evasão fiscal. Há muitos atrativos para abrir uma empresa nas Bahamas, como a ausências de impostos sobre os lucros, por exemplo. Outro atrativo é o anonimato, já que as informações compartilhadas pelo governo local são limitadas.
Assim como nos Panama Papers, os dados do Bahamas Leaks foram repassados para o Süddeutsche Zeitung por uma fonte anônima. O jornal compartilhou os 38 gigabytes de informações recebidas com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), e os resultados de sua apuração, com outras empresas de comunicação, como os jornais britânico The Guardian e francês Le Monde, além da emissora alemã NDR.
CN/ots