Vale diz que vai pagar indenizações extrajudiciais a vítimas
31 de janeiro de 2019Em reunião com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e autoridades do Ministério Público Federal, o presidente da empresa Vale, Fábio Schvartsman, disse nesta quinta-feira (31/01) que a empresa pretende priorizar acordos extrajudiciais com as famílias de mortos e desaparecidos após o rompimento da barragem da empresa em Brumadinho.
Na noite desta quinta-feira, a Defesa Civil de Minas Gerais apontou que o número de mortos na tragédia subiu para 110 – 71 corpos já foram identificados. Ainda há 238 desaparecidos.
"Nossa intenção foi revelar o propósito de acelerar ao máximo o processo de indenização e atendimento às consequências do desastre. Para tanto, estamos preparados para abdicar de ações judiciais, e estamos preparados porque queremos fazer acordos extrajudiciais", afirmou Fábio Schvartsman, acrescentando que pretende iniciar os pagamentos.
Segundo o executivo, as negociações são conduzidas pelas autoridades de Minas Gerais para que a Vale "comece imediatamente a fazer frente a esses processos indenizatórios". De acordo com Schvartsman, não há valores definidos nem prazos estabelecidos. Ele informou que, tão logo sejam assinados os acordos, serão feitos os repasses.
"A primeira atenção é às vítimas, às famílias. Todo o resto é importante, ninguém tira a importância, todo o resto será cuidado", afirmou Schvartsman, após a reunião, da qual participaram também a procuradora-federal do Direito do Cidadão, Débora Duprat, e Antonio de Cunha, da 6ª Câmara Indígena, e a secretária de Direitos Humanos do Conselho Nacional do Ministério Público, Ivana Farina.
Questionado se espera que os acordos extrajudiciais garantam à Vale algum abrandamento de punições, Schvartsman disse que não está preocupado com essa questão. "Nós estamos sinceramente muito chateados, muito tristes com o que aconteceu, e queremos minorar o sofrimento das vítimas", disse.
Na segunda-feira, o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, já havia anunciado que Vale iria fazer uma doação emergencial de 100 mil reais a cada família das vítimas fatais da tragédia.
Após a reunião, o presidente da Vale confirmou que a sirene de emergência da barragem foi "engolfada" pela lama no momento do rompimento da estrutura de rejeitos da Mina Córrego do Feijão. Segundo Schvartsman, foi uma situação incomum. "É uma coisa trágica, pelo que o histórico de rompimento demonstra. Aqui aconteceu um fato que não é muito usual: a sirene que iria tocar foi engolfada pela queda da barragem antes que ela pudesse tocar."
Há dois dias foram presos três funcionários da Vale diretamente envolvidos e responsáveis pelo licenciamento da barragem que se rompeu em Brumadinho, além de dois engenheiros terceirizados da certificadora alemã TÜV SÜD que atestaram a estabilidade do empreendimento.
A operação contou com a ação conjunta do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF). No total, foram sete mandados de busca e apreensão e cinco de prisão temporária.
Ao ser questionado por jornalistas sobre um eventual temor de mais prisões envolvendo quadros da empresa, Schvartsman negou qualquer receio. "Não tenho nenhum motivo para temer prisão de executivos", disse.
JPS/abr/ots
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