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Resenha

(sv)19 de fevereiro de 2008

Jornais de língua alemã lembram a surpresa causada pelo Urso de Ouro ao filme de José Padilha. Comentários oscilam de "decisão corajosa" do júri à "falta de autenticidade" do longa. Ou seja, a controvérsia continua.

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Decisão certa ou errada: jornais opinam sobre Urso de Ouro para 'Tropa'Foto: Berlinale

Impetuosidade

"Especialmente sutil este trabalho não é, mas ele tem uma fúria impetuosa, do tipo que compete bem a cineastas jovens. É possível compreender perfeitamente o júri, mesmo que tenha havido filmes melhores na competição".

(Frankfurter Rundschau)


Terreno melindroso

"O júri do Festival de Berlim de 2008 quer apoiar claramente cineastas que se voltam por completo para o presente, que penetram um terreno melindroso e despertam emoções puras, mesmo que sejam até emoções erradas e não as certas. O que importa é que algo se mova, que os espectadores reajam e discutam, que o cinema defenda sua força motriz na sociedade".

(Süddeutsche Zeitung)


Pelo sócio-político

"De certa forma, o júri confirmou e fortaleceu a posição do diretor do festival. Se os júris dos anos anteriores tomaram decisões exóticas ou escapistas, o deste ano destacou as contribuições mais vigorosas numa seleção propositalmente sócio-política. Nessa, o cinemão norte-americano foi tão considerado quanto o do Terceiro Mundo e cineastas experientes, como Anderson e Morris, festejados da mesma forma que a nova geração do Brasil e do México."

(Die Welt)


Decisão corajosa

"Nenhum filme no festival polarizou e desafiou tanto quanto Tropa de Elite – uma representação radical dos métodos brutais da polícia nas favelas do Rio de Janeiro. Foi uma decisão corajosa e acertada do júri. Uma decisão que deu o que falar e isso vale ouro".

(Neue Zürcher Zeitung)


Sem autenticidade

"O 58º Festival de Cinema de Berlim foi bem melhor que seu vencedor. Entre There Will be Blood, a epopéia furiosa de Paul Thomas Anderson, Happy-Go-Lucky de Mike Leighs, e descobertas como Ballast, de Lance Hammer, Tropa de Elite mais parece uma provocação. Trata-se de um filme de ação [rodado] nas favelas brasileiras. Uma chacina apresentada em imagens provocantes. Uma unidade de elite [da polícia] luta contra traficantes poderosos. A aproximação supostamente documental [do tema] e as tomadas trêmulas com a câmera na mão deveriam dar ao filme um caráter de autenticidade. Esse mecanismo faz com que o filme se torne artificial. O que não o transforma tampouco num documentário".

(Die Zeit)


Soco no estômago

"Padilha não simpatiza com nenhum de seus personagens. Todos eles recebem farpas de sua ira, não importa se traficante, policiais normais, policiais de elite ou estudantes idealistas, que mantêm, com seu consumo de drogas, os negócios na favela. […] O grande problema de Tropa de Elite está simplesmente no fato de que o filme faz de tudo para duplicar esteticamente a violência. Caindo como uma pancada permanente no plexo solar. Pode ser que Padilha esteja furioso e não queira filtrar essa ira, mas o que sai disso é um cinema que prefere se debater de forma selvagem a possibilitar qualquer forma de reflexão".

(taz, die tageszeitung)