Novos desafios climáticos para a UE
21 de fevereiro de 2007Pouco mais de duas semanas antes da reunião de cúpula da União Européia, os ministros do Meio Ambiente dos 27 países-membros do bloco se encontraram para estabelecer novas metas para a proteção do clima. Nesta terça-feira (20/02), em Bruxelas, eles chegaram ao acordo de reduzir a emissão de dióxido de carbono na União Européia em no mínimo 20% – em relação aos níveis de 1990 – até 2020.
A meta pode atingir os 30%, caso haja apoio de outros países amplamente industrializados. O comissário de Meio Ambiente da UE, Stavros Dimas, se mostrou animado com o acordo, declarando que há um ano a União Européia não teria nem colocado o tema em questão.
Metas diferenciadas
A principal discordância no encontro dos ministros de Meio Ambiente foi a proporção em que cada país-membro seria obrigado a diminuir a emissão de gases-estufa. Os novos integrantes do bloco reivindicaram metas mais amenas para a diminuição das emissões. O argumento seria a necessidade de recuperar e desenvolver a economia, pré-requisito imposto pelo próprio bloco.
O presidente do conselho de ministros do Meio Ambiente, o ministro alemão Sigmar Gabriel, disse ser óbvio que países como a Alemanha tenham metas mais severas a serem cumpridas. Ele acrescentou que os novos membros provavelmente terão metas menores a cumprir, já que têm maiores questões econômicas a enfrentar. Segundo Gabriel, junto com os integrantes vindos do Leste, países como Espanha, Finlândia e Dinamarca, teriam insistido em uma divisão de metas proporcional à condição econômica de cada país.
Como atingir as metas é também um motivo de desacordo
Os detalhes dessa divisão de metas, proporcionais ou não, só serão acertados depois de encontros futuros. Em uma declaração assinada por todos os ministros presentes, ficou claro que uma comissão da UE ficará responsável por estabelecer os critérios apropriados. As reivindicações espanholas, finlandesas e dinamarquesas de que deveriam ser estabelecidos critérios específicos para cada setor econômico – como a indústria de papéis finlandesa, que é uma das principais emissoras de CO2 no país – não constam da declaração. As medidas concretas a serem tomadas para a redução da emissão de gases-estufa também precisam ser discutidas pelos membros da União Européia.
A Alemanha, que atualmente ocupa tanto a presidência rotativa da União Européia como a do G8, fez das questões relacionadas à mudança climática uma prioridade. Por outro lado, a indústria automobilística do país está preocupada com as propostas de diminuir as emissões de dióxido de carbono dos carros, com medo de que isso possa afetar os negócios. Ainda na terça-feira, os ministros alemães da Economia e do Meio Ambiente não conseguiram chegar a um consenso sobre o objetivo desenvolver fontes de energia renovável.
União Européia quer servir de exemplo para países em desenvolvimento
O encontro desta terça-feira foi uma preparação para a cúpula marcada para 8 e 9 de março em Bruxelas. Nela, os governantes da União Européia procurarão estabelecer uma linha comum para a política energética e climática. O motivo desta urgência é o fim da vigência do Protocolo de Kyoto, em 2012. Ao assinar o Protocolo, as nações industrializadas se obrigaram a diminuir a emissão de gases que provocam o efeito estufa.
Em dezembro de 2007 a União Européia inicia as discussões para elaborar o pacote de medidas relativas às políticas energética e climática. Ela quer, com este bom exemplo, convencer países como a Índia e a China a entrarem no acordo que sucederá o Protocolo de Kyoto. Segundo o comissário do Meio Ambiente, a UE deve mostrar claramente para os demais países que está combatendo as mudanças climáticas.
De acordo com o ministro Sigmar Gabriel, a premiê alemã Angela Merkel, na qualidade de presidente do Conselho da UE, levará para a pauta da reunião de março em Bruxelas a proposta de aumentar em 20% as fontes de energia renovável e sua utilização.