28º membro
23 de janeiro de 2012Em referendo realizado neste domingo (22/01), os croatas aprovaram a adesão à União Europeia (UE) com expressiva maioria e apoio de todos os partidos políticos do país. A única sombra sobre o resultado foi o alto índice de abstenção. Apenas 43,6% dos eleitores registrados compareceram para votar. Aparentemente, ativistas contrários à UE teriam impedido muitos cidadãos de participar da votação.
O premiê Zoran Milanovic saudou o resultado que abre caminho para a adesão à UE em 2013. "A Croácia decidiu tornar-se membro da União Europeia. É uma decisão histórica, possivelmente um divisor de águas na nossa história", disse ele, embora tenha se mostrado decepcionado com a baixa participação dos eleitores.
Para o presidente Ivo Josipovic, o "mais importante é que o 'sim' foi dito". Mas as autoridades devem levar em conta os medos e dilemas das pessoas que votaram contra a adesão, disse. A adesão dependia apenas de maioria simples.
Todos os principais partidos políticos da Croácia são a favor da associação à UE. Eles veem a adesão como um fator vital para consolidar a paz e a recuperação econômica na ex-república iugoslava, que conquistou sua independência em 1995, depois de quatro anos de guerra contra os rebeldes sérvios.
Boas vindas
Em declaração conjunta divulgada na noite deste domingo, o presidente da UE, Herman Van Rompuy, e o chefe da Comissão Europeia, Jose Manuel Durão Barroso, comemoraram o resultado do referendo, dizendo que "isso mostra que a adesão à UE pode ser alcançada com coragem política e resolução para executar reformas. O resultado positivo de hoje é uma boa notícia para a Croácia, para a região e para a Europa".
Os dois líderes ainda acrescentaram que "o governo da Croácia pode agora concluir os preparativos restantes para a adesão, para que a Croácia possa tornar-se o 28º membro da UE no dia 1º de julho de 2013".
Na Sérvia, onde as relações com a Croácia têm melhorado gradualmente, o presidente Boris Tadic foi um dos primeiros a mandar seus cumprimentos. Belgrado também mira a adesão à UE e está à espera de uma resposta de Bruxelas para enviar seu pedido de candidatura oficial.
Nos últimos três anos, a Croácia, cuja economia depende do turismo no mar Adriático, tem passado por dificuldades financeiras. O Banco Central do país prevê que a economia vai encolher 0,2% este ano. Além de seus problemas econômicos, o país precisa lidar com uma série de escândalos de corrupção.
Movimento antieuropeu
Após o anúncio do resultado, um porta-voz de um grupo antieuropeu ameaçou entrar na Justiça, alegando que o alto índice de abstenção invalida o referendo. "Isso é uma derrota para a liberdade e a independência da Croácia. Nós estamos entrando num bloco que está caindo aos pedaços", disse Zeljko Sacic, do grupo Conselho pela Croácia – Não à UE em declaração à televisão nacional.
Mas especialistas explicam que as chances de o referendo ser invalidado são muito pequenas. A lei foi alterada em junho de 2010 justamente para retirar a exigência de participação mínima em referendos.
Longo caminho
Já na época da dissolução da Iugoslávia, em 1991, o governo croata havia colocado a adesão à UE como meta. Só que enquanto outros países pós-comunistas na Europa Central e Oriental fortaleciam suas democracias e abriam caminho em direção à integração europeia, as aspirações da Croácia foram suspensas por causa da guerra (1991-95) e de seu legado.
Somente em 2000 a eleição de um governo pró-Europa permitiu que a Croácia se transformasse numa democracia parlamentar elegível como candidata à UE. No entanto, o entusiasmo pela adesão esfriou com as longas e difíceis negociações que começaram em 2005.
A entrada da Croácia na UE ainda precisa ser ratificada por todos os atuais 27 membros do bloco. Atualmente a Eslovênia é o único membro da UE entre as seis repúblicas que formavam a Iugoslávia. Sérvia, Montenegro, Macedônia e Bósnia também aspiram fazer parte do bloco.
FF/afp/dpa/rtr
Revisão: Alexandre Schossler