Antissemitismo exclui carnaval belga de lista da Unesco
14 de dezembro de 2019
O Carnaval da cidade belga de Aalst foi removido da lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, durante reunião da Unesco nesta sexta-feira, (13/12) em Bogotá. A organização decidiu que o desfile é antissemita, por incluir um carro alegórico com estereotípicas caricaturas de judeus ortodoxos, de nariz aquilino e sentados sobre sacos de dinheiro.
"Eles podem continuar a realizar a festa, não nos opomos", declarou Ernesto Ottone, diretor-geral assistente da Unesco para Cultura. "O que não queremos é a marca da Unesco no que [para alguns] pode ser humor, mas para nós é zombaria de certas comunidades."
Ottone confirmou que, em carnavais anteriores, as autoridades da localidade na província de Flandres Oriental foram advertidas diversas vezes sobre o simbolismo antissemita, mas não tomaram medidas que "estabelecessem um limite" sobre que alegorias seriam aceitáveis.
Grupos judaicos descreveram o carro como antissemita, e a União Europeia também condenou o desfile, classificando-a como reminiscente do tipo de caricaturas disseminadas na Alemanha nazista na década de 1930.
No início de dezembro, o prefeito de Aalst, Christoph D'Haese, declarou que as autoridades locais não mais desejavam designação pela Unesco. Segundo o político da Nova Aliança Flamenga, nacionalista e conservadora, o desfile é "humorístico".
"Não somos nem antissemitas, nem racistas", declarou D'Haese à agência de notícias Belga. "Todos que apoiam isso estão agindo de má fé. Aalst permanecerá sempre a capital da zombaria e da sátira."
Além de designar monumentos arquitetônicos ou naturais como patrimônio da humanidade a ser preservado, a Unesco também protege costumes e tradições em todo o mundo. De sua lista de bens culturais imateriais constam cinco do Brasil: o frevo, o samba de roda da Bahia, a roda de capoeira, as expressões orais e gráficas dos índios oiampis e o círio de Nazaré.
AV/ap,afp,ots
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