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Ultradireita nomeia candidata ao governo da Alemanha

7 de dezembro de 2024

Co-líder da AfD, Alice Weidel será a primeira candidata mulher do partido na disputa. Sigla hoje figura em segundo lugar nas pesquisas. Alemães irão às urnas em fevereiro, em pleito antecipado por crise política.

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A deputada alemã Alice Weidel, do partido AfD
A deputada Alice Weidel é co-líder do partido Alternativa para a Alemanha e também co-líder de bancada no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemãoFoto: Carsten Koall/dpa/picture alliance

O partido alemão de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) nomeou neste sábado Alice Weidel como sua primeira candidata mulher ao comando do país nas eleições antecipadas, previstas para o dia 23 de fevereiro.

Weidel, que é co-líder da bancada do partido no Bundestag (a câmara baixa do Parlamento alemão) e também co-dirigente da sigla, será a primeira mulher nos quase 12 anos de história da AfD a concorrer sozinha ao cargo de chanceler federal.

Antes, ela já havia sido co-candidata com outros colegas homens do partido: em 2017 ao lado de Alexander Gauland e em 2021 com o também co-líder da AfD Tino Chrupalla.

A deputada e economista de 45 anos já havia anunciado suas pretensões em setembro. O lema de sua campanha será uma expressão que, traduzida para o português, pode significar tanto "tempo para a Alemanha" quanto "está na hora da Alemanha".

AfD está em segundo lugar nas pesquisas e quer romper "cordão sanitário"

A AfD aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, oscilando entre 17 e 19% – bem atrás dos conservadores da aliança CDU/CSU, que somam mais de 30%, e muito próximo dos social-democratas do SPD, partido do atual chanceler federal, Olaf Scholz.

"Somos a segunda força nas pesquisas a nível federal e por isso queremos ser parte do governo", afirmou Weidel.

Até agora, o partido de retórica anti-imigração e crítico ao apoio militar à Ucrânia segue isolado por um "cordão sanitário" imposto pelos demais membros do Bundestag, que se recusam a costurar alianças com a sigla dada a experiência histórica traumática da Alemanha com o extremismo de direita – a AfD é atualmente monitorada pelo serviço secreto alemão por suspeita de extremismo, e tem poucas chances reais de fazer parte de um governo dado o seu isolamento.

Ainda assim, o partido deve avançar significativamente no Parlamento. Na última eleição, em 2021, a sigla obteve 10,4% dos votos.

A candidatura de Weidel ainda terá que ser ratificada em um congresso nacional da AfD em 11 de janeiro, mas esse aval agora é considerado mera formalidade.

Qual é a agenda de campanha da AfD

"Nosso país já não é o que foi", disse Weidel, aludindo à fase de prosperidade que se sucedeu à reconstrução no pós-guerra, e afirmando que a Alemanha hoje se encontra "em uma de suas crises mais profundas".

Segundo Weidel, os últimos governos acabaram com essa prosperidade, quebrando "a espinha dorsal da indústria alemã" e estragando "tudo o que funcionava" com sua cruzada intervencionista contra a economia de mercado.

Como solução, a alemã propõe "baixar os impostos e os preços da energia", a reativação de usinas nucleares e de carvão e a retomada da compra de gás natural – presumivelmente da Rússia.

Na economia, uma de suas inspirações é a ex-premiê britânica Margaret Thatcher, que defendeu redução de impostos, corte de subsídios estatais e privatizações.

Weidel também critica o que chama de "violência excessiva de imigrantes", prometeu fechar as fronteiras e deportar de imediato "ilegais, criminosos, estupradores e assassinos", bem como suspender a prestação de assistência social a estrangeiros.

A candidata da AfD é ela mesma casada com uma mulher nascida no Sri Lanka, com quem tem dois filhos – um modelo de família radicalmente diferente do defendido pela AfD em seu programa partidário: "Na família, mãe e pai cuidam de suas crianças sempre com responsabilidade compartilhada."

Apesar disso, Weidel se diz contrária à "ideologia de gênero" e defende que o Estado precisa "parar de se intrometer" na vida das pessoas através de políticas de diversidade.

Também é contra o envio de armas à Ucrânia – uma agenda que agrada à Rússia. "Somos o partido da paz. Se não querem guerra na Alemanha, votem na AfD."

Numa entrevista dada em agosto ao Welt am Sonntag, Weidel também anunciou que seu partido pretende "reformar a União Europeia" – e, caso isso não seja possível, defendeu que cada país deveria ter a chance de organizar um referendo para decidir sobre a permanência no bloco, como aconteceu no Reino Unido.

Um rascunho do programa partidário da AfD apresentado dias antes da nomeação de Weidel defende a saída da UE e da zona do euro, uma política dura contra imigrantes, a reaproximação com a Rússia, restrições ao aborto e a promoção de um modelo de família tradicional.

ra (efe, DW, ots)