UE se prepara para substituir a ONU na Bósnia
3 de julho de 2002Mas, enquanto o presidente da UE, o primeiro-ministro da Dinamarca, Anders Fohg Rasmussen, anunciava essa decisão, em Estrasburgo, os Estados Unidos sinalizavam, em Washington, disposição para um consenso. O governo do presidente George W. Bush formulou, segundo diplomatas, uma nova proposta condicionando o julgamento de soldados em missão de paz pelo TPI a uma resolução do Conselho de Segurança da ONU. A Alemanha está disposta a manter seus 1.700 soldados na Bósnia, mesmo que o Conselho de Segurança da ONU não prorrogue o mandato até a meia noite.
Com a sua nova proposta de consenso, os EUA querem manter o direito de veto e impedir que seus soldados sejam levados às barras do Tribunal criado para julgar crimes de guerra e contra a humanidade. Um dia antes de expirar o mandato da missão na Bósnia, comandada pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o governo Bush ameaçou vetar a sua prorrogação, se o Conselho de Segurança não concedesse imunidade aos soldados americanos que integram tropas de paz. Ao contrário de todos os 15 Estados da UE, os EUA rejeitaram a criação do TPI. Em virtude da nova e surpreendente proposta de Washington os 15 membros do Conselho de Segurança Internacional resolveram retomar as suas consultas. O mandato da ONU na Bósnia expira à meia noite.
Originalmente, a UE só deveria substituir a ONU na missão de paz na Bósnia no início de 2003, mas poderá fazê-lo muito antes disso, se os EUA mantiveram o seu veto contra a prorrogação do mandato da ONU, como esclareceu o presidente da UE, Rasmussen. Mas ele não mencionou um momento para a troca de comando.
Se até a meia noite o Conselho da ONU não chegar a um acordo, a missão da ONU terá de se retirar da Bósnia. Quase 1.500 funcionários de 40 nações estão organizando uma polícia nacional bósnia. Os soldados encontram-se no país balcânico desde o fim da guerra, em 1995, que levou à independência do país da Iugoslávia.
Soldados alemães ficam
A Alemanha quer manter os seus soldados na Bósnia mesmo sem um mandato da ONU. "O nosso contingente não será retirado, mesmo que a missão de paz não se mantida na sua forma atual, por causa da resistência dos Estados Unidos contra o TPI", disse uma porta-voz do governo em Berlim, acrescentando que "a ação na Bósnia vai prosseguir de uma forma ou de outra".
O gabinete do chanceler federal Gerhard Schröder adiou uma decisão, nesta quarta-feira, a fim de aguardar um possível consenso no Conselho de Segurança em Nova Iorque. Schröder viu indícios de uma prorrogação da missão de paz. "Nós desejamos que haja um acordo", disse ele a jornalistas. Mas caso não haja solução até quinta-feira (4) em Nova Yorque, o gabinete tomará uma decisão urgente e o Parlamento federal votará na sexta-feira, conforme acerto entre o chefe de governo e os ministros de Relações Exteriores, Joschka Fischer, e da Defesa, Rudolf Scharping. A aprovação do prolongamento do mandato é tida como certa, inclusive com votos da oposição de centro-direita.