UE rejeita resultado da eleição ucraniana
25 de novembro de 2004
"A União Européia não pode aceitar o resultado", afirmou categórico o primeiro-ministro da Holanda, Jan Peter Balkenende, após a reunião de cúpula União Européia-Rússia, realizado nesta quinta-feira (25/11), em Haia. O atual presidente do Conselho Europeu referia-se ao pleito presidencial na Ucrânia que, em sua opinião, não transcorreu segundo os padrões internacionais. O assunto relativo ao país que é vizinho tanto do bloco dos 25 como da Rússia dominou o encontro do presidente russo, Vladimir Putin, com representantes da UE.
As divergências na avaliação mantiveram-se até o fim, quando Putin voltou a insistir na regularidade da eleição, que teria transcorrido de acordo com as leis aprovadas também por aqueles que agora criticam o resultado. "Não acho que o exterior deva decidir sobre o resultado da eleição. Não temos o direito de intervir ou de impor ao povo a nossa vontade", disse o chefe de Estado russo. Ao mesmo tempo, pleiteou que o resultado fosse examinado pela Justiça, adiantando-se à decisão da Corte Superior da Ucrânia, que proibiu a divulgação dos resultados finais até que eles sejam reavaliados.
Avanços nas negociações bilaterais –
Ambas as partes procuraram, no entanto, contemporizar, acentuando os progressos alcançados nas negociações sobre a parceria estratégica entre a UE e a Rússia. Dos quatro setores em que se concentram as deliberações, já se teria chegado a um consenso quanto a uma maior cooperação no âmbito da economia bem como da cultura e ciências. Em questões de política interna e de política externa, teria havido aproximação, de forma que Putin, Balkenende e Durão Barroso acreditam na possibilidade de um acordo na próxima cúpula, a se realizar no ano que vem em Moscou.Ameaça à Ucrânia – No que diz respeito ao país vizinho, havia se manifestado já antes do encontro um consenso raro entre todos os altos representantes da UE. Além de Balkenende, o Parlamento Europeu e o novo presidente da Comissão, José Manuel Durão Barroso, haviam exigido a recontagem de votos na Ucrânia. Barroso chegou a ameaçar com uma reavaliação das relações da comunidade com o país.
Até agora, a comunidade dos 25 vinha tentando integrar a Ucrânia em sua chamada "nova política de vizinhança", que engloba também a Belarus, a Rússia e a Moldávia. Com o ainda presidente Leonid Kutchma foi combinado um plano de ação que oferece ao país ajuda concreta em reformas e no desenvolvimento econômico, com a perspectiva de abolição de taxas alfandegárias nas transações comerciais.
A UE já está ligada à Ucrânia por meio de um convênio de parceria que prevê, até 2006, ajudas de 212 milhões de euros destinadas à desativação total do último reator de Chernobyl. Em caso extremo, o bloco dos 25 pode impor sanções a Kiev.