UE, EUA e aliados condenam ataque iraniano contra Israel
2 de outubro de 2024A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, condenou nesta quarta-feira (02/10) de forma veemente o ataque de mísseis do Irã contra Israel, falando em uma "ameaça à estabilidade regional", que "agrava uma situação já volátil".
"Condeno veementemente o ataque de mísseis balísticos lançado ontem pelo Irã contra Israel", afirmou em comunicado. "Tais ações ameaçam a estabilidade regional e aumentam as tensões em uma situação já extremamente volátil".
A União Europeia (UE) continua a exigir um cessar-fogo na fronteira com o Líbano e em Gaza, assim como a libertação de todos os reféns sequestrados há quase um ano. "Apelo a todas as partes para que protejam a vida de civis inocentes", acrescenta a nota.
O governo do Irã confirmou nesta quarta-feira o lançamento de 200 mísseis contra Israel num ataque lançado na noite de terça-feira, em retaliação pelos assassinatos do líder do movimento islâmico palestino Hamas, Ismail Haniyeh, do chefe do Hezbollah, Hasan Nasrallah, e de um general iraniano.
As Forças de Defesa de Israel disseram que a maioria dos mísseis foi interceptada com o apoio dos Estados Unidos, que já garantiu que vai coordenar com Tel Aviv a resposta a Teerã.
Este foi o segundo ataque aéreo do Irã contra Israel desde abril.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse na terça-feira à noite que o Irã "cometeu um erro grave" ao atacar o seu país e que "pagará o preço", estando Israel determinado em responsabilizar os seus inimigos.
Na sequência do ataque iraniano, Israel pediu na terça-feira à noite uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, algo que o Irã também tinha solicitado no sábado, após uma onda de ataques israelenses contra o sul do Líbano.
EUA: "Ataque totalmente inaceitável"
O presidente dos EUA, Joe Biden, elogiou os militares dos EUA e de Israel por conseguirem derrubar a onda de mísseis e alertou: "Não se enganem, os Estados Unidos apoiam totalmente, totalmente Israel".
O Secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que o ataque de mísseis iranianos é "totalmente inaceitável, e o mundo inteiro deve condená-lo".
"Obviamente, essa é uma escalada significativa do Irã ", disse o assessor de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan.
A França disse nesta quarta-feira que está enviando recursos militares adicionais ao Oriente Médio para enfrentar a ameaça iraniana e convocou uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas para o final do dia.
"Comprometida com a segurança de Israel, a França mobilizou hoje seus recursos militares no Oriente Médio para combater a ameaça iraniana", disse a presidência francesa em um comunicado após uma reunião de emergência do gabinete de segurança para discutir a escalada regional.
"O chefe de Estado também reiterou a exigência da França de que o Hezbollah cesse suas ações terroristas contra Israel e sua população". Não foram fornecidos detalhes sobre quais recursos militares adicionais foram enviados para a região.
O ministro francês do Exterior, Jean-Noel Barrot, conversou com seu homólogo americano, Antony Blinken, para coordenar os esforços diplomáticos, informou o ministério.
Na semana passada, Paris e Washington tentaram garantir um cessar-fogo temporário no Líbano poucas horas antes de Israel lançar ataques aéreos que mataram o líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah.
Berlim alerta contra nova escalada
O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, alertou para uma nova escalada no Oriente Médio. "O Irã está arriscando incendiar toda a região: isso deve ser evitado a todo custo", disse o líder alemão em uma declaração publicada nesta quarta-feira.
Scholz observou que foi somente graças à defesa aérea de Israel e seus aliados que o ataque iraniano na noite de terça-feira repelido.
Scholz pediu que a milícia Hezbollah, apoiada pelo Irã no Líbano, e Teerã cessem imediatamente seus ataques a Israel e assegurou que o governo alemão continuará a cooperar com seus parceiros para intermediar um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah.
Ele afirmou, ainda que o fim dos combates deve ser o primeiro passo para a implementação da Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que estipula que o Hezbollah se retire da área de fronteira com Israel. "Isso abriria o caminho para o retorno dos moradores do norte de Israel e, ao mesmo tempo, abriria a perspectiva de consolidar o Estado do Líbano", acrescentou.
Irã cometeu "erro de cálculo"
Na avaliação do Kasra Aarabi, diretor de pesquisa sobre a Guarda Revolucionária Iraniana da United Against Nuclear Iran (UANI), ONG baseada nos EUA, o ataque do Irã a Israel foi uma "escalada significativa", mas também um "erro de cálculo significativo".
"Israel inevitavelmente imporá uma resposta firme à República Islâmica e todas as suas forças armadas, inteligência, segurança e até mesmo as instalações nucleares estão agora vulneráveis a ataques", disse ele, em entrevista à DW.
Ele afirma ainda que o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamanei, "está tentando personalizar completamente o poder, dando poder a uma nova geração jovem de radicais absolutos que têm muito pouca capacidade e muito pouca experiência em lidar com o mundo exterior".
Segundo o especialista o regime iraniano está fracassando ao confiar "mais em sua ideologia para ler e responder às regras internacionais”.
md/cn (DPA, AP, Reuters, AFP, Lusa)