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Inglês ou esperanto?

22 de janeiro de 2012

A União Europeia já tem uma moeda comum, mas está longe de ter um único idioma. Existem 23 línguas oficiais no bloco europeu, o que culturalmente pode até ser uma vantagem, mas na rotina política é uma dor de cabeça.

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Cada vez mais delegados em Bruxelas usam inglês para se comunicar
Cada vez mais delegados em Bruxelas usam inglês para se comunicarFoto: DW

Na União Europeia (UE), cada político, de Malta à Irlanda, tem o direito de se pronunciar em sua língua materna, e todos os cidadãos europeus têm o direito de ler os documentos mais importantes da União Europeia na língua de seu país. Tradutores e intérpretes são o lubrificante que mantém a máquina da UE funcionando, mas custam cerca de 250 milhões de euros por ano.

Para reduzir as despesas, é consensual a necessidade de uma língua em que todos os europeus possam se comunicar sem problemas. Há quem defenda o esperanto como idioma comum em Bruxelas, mas na prática o idioma que tem se espalhado pelos corredores diplomáticos é o BSE: "badly spoken English", ou "inglês mal falado", em tradução livre.

O esperanto foi concebido no final do século 19 por Ludwik Zamenhof como língua universal para compreensão entre os povos. E há até quem já esteja pronto para ele em Bruxelas.

"Eu gostaria que o esperanto tivesse um papel mais forte dentro da UE. Na minha opinião o esperanto é uma língua muito regular e fácil de aprender. Aprende-se rápido", diz Sean O'Riain, diplomata irlandês e presidente da União Europeia de Esperanto.

Inglês tem mais lobby

O'Riain está convencido de que o esperanto esteja em ascenção, e já há em Bruxelas um círculo bastante ativo de simpatizantes do idioma. Mas uma coisa já ficou clara: ninguém em Bruxelas leva realmente a sério a ideia de transformar o esperanto na língua comum do bloco europeu.

Ludwik Zamenhof concebeu o esperanto no século 19
Ludwik Zamenhof concebeu o esperanto no século 19Foto: picture-alliance / akg-images

"Já estamos acostumados a nos comunicar em inglês. A maioria das pessoas aprende a língua de alguma forma. O meu esperanto é o inglês", diz Doris Pack, especialista em cultura e multilinguismo do Parlamento Europeu.

Entre os operadores das engrenagens linguísticas da UE, o esperanto também não tem muito lobby. "Nem uma vez sequer se falou em esperanto, o idioma não tem nenhuma importância para nós", diz Hans Schindler, que há 32 anos trabalha como intérprete em Bruxelas. Ele também está convencido da vitória inexorável do inglês – ou melhor, da sua versão mal-acabada.

"De fato será o inglês mal falado. Cada vez mais delegados usam inglês para se comunicar, mesmo que para nós, tradutores, às vezes doa ouvir esse inglês. É surpreendente como as pessoas conseguem se fazer entender com um inglês totalmente desestruturado. Por isso o esperanto, que é uma língua artificial muito mais estruturada, não tem a menor chance", disse Schindler.

Sean O'Riain discorda que o esperanto seja artificial e destaca que na enciclopedia virtual Wikipedia, por exemplo, existem mais artigos em esperanto do que em certas línguas europeias oficiais. Além disso, diz ele, é injusto que alguns poucos falantes nativos de inglês levem vantagem pelo papel dominante de sua língua em todo o mundo. "Com o esperanto seríamos todos iguais", diz O'Riain.

Autor: Martin Bohne (ff)
Revisão: Carlos Albuquerque