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Turquia e EUA planejam "zona livre do EI"

27 de julho de 2015

Segundo governo americano, objetivo é criar área de segurança na fronteira turco-síria, livre do "Estado Islâmico". Secretário-geral da Otan adverte Ancara de que ataques aéreos põem em risco processo de paz.

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Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/E. Ozdemir

Nesta segunda-feira (27/07), funcionários do governo norte-americano informaram, sob condição de anonimato, que os Estados Unidos e a Turquia pretendem dar início a uma campanha militar contra o grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) numa faixa do território sírio na fronteira com a Turquia. Os países teriam concordado em criar uma "zona livre do EI".

"O objetivo é criar uma zona livre do EI e assegurar maior segurança e estabilidade ao longo da fronteira turca com a Síria", informou uma fonte do governo americano citada pelo jornal The New York Times. De acordo com o Washington Post, a Casa Branca especula investir numa "zona protegida", mas recusa o pedido da Turquia de criar uma zona de exclusão aérea.

Após resistir em atacar alvos jihadistas por muito tempo, na semana passada, o presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, autorizou tropas dos EUA a utilizar a base aérea de Incirlik para realizar ataques contra os extremistas do EI. A confirmação de Erdoğan veio horas depois de aviões militares turcos terem bombardeado alvos jihadistas na Síria pela primeira vez.

No último sábado, o governo turco lançou uma ofensiva militar simultânea contra as forças do EI e do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) na Síria e no Iraque. Os ataques ocorrem dois anos depois de um cessar-fogo entre as forças curdas e o governo turco. Durante três décadas, os milicianos promoveram ataques contra a Turquia a partir do norte do Iraque.

Nesta segunda-feira, o ministro do Exterior turco, Mevlut Cavusoglu, afirmou que não há distinção entre jihadistas do EI e militantes do PKK. "Não se pode dizer que o PKK é melhor, porque está combatendo o EI", declarou. Segundo ele, o PKK combate os extremistas em troca de poder e não para promover a paz e garantir a segurança. "Nós esperamos solidariedade e apoio dos aliados da Otan", disse.

A Turquia pediu à Otan uma reunião de emergência entre os 28 países-membros da aliança para discutir a crescente tensão entre turcos, rebeldes curdos e jihadistas do EI. O encontro, convocado pelo secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, está marcado para esta terça-feira, em Bruxelas.

Stoltenberg advertiu o primeiro-ministro turco de que os ataques aéreos contra o PKK põem em perigo o processo de paz na Turquia. "Todos os países têm direito à autodefesa. A Turquia tem direito a se defender de atentados terroristas, mas é importante que as medidas sejam proporcionais e não contribuam desnecessariamente para uma escalada do conflito", disse em entrevista à emissora norueguesa NRK.

Conter forças curdas

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, a Turquia atacou na noite deste domingo uma localidade no norte da Síria que é controlada pela milícia curda Unidades de Defesa do Povo (YPG), ligada ao PKK, e por rebeldes moderados. Quatro pessoas ficaram feridas, entre combatentes do YPG e do Exército Livre da Síria. A milícia alega que outros acampamentos da milícia no norte do Iraque foram alvo das tropas turcas nesta segunda-feira.

O ataque contra Sor Maghar, a oeste de Kobane, deixou quatro combatentes da YPG feridos, segundo o observatório. Um porta-voz curdo confirmou o ataque, e dirigentes da milícia curda exigiram que a Turquia pare com a "agressão".

Existe a especulação de que a Turquia quer, na verdade, conter as ambições separatistas promovidas por forças curdas no país. Ancara teme que um fortalecimento da YPG, que conseguiu expulsar o EI de várias regiões na fronteira da Síria com a Turquia com o apoio dos EUA, eleve o sentimento separatista entre os curdos turcos.

Nesta segunda-feira, o governo turco anunciou a detenção de 1.050 pessoas ligadas ao EI e a forças curdas. As prisões começaram na semana passada, quando a Turquia deu início a uma ofensiva contra jihadistas do EI e militantes do (PKK) e do Partido/Frente de Libertação Popular Grupo Marxista Revolucionário (DHKP-C).

KG/ap/dpa/rtr