Trump diz que não haverá acordo para regularizar "dreamers"
1 de abril de 2018O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo (01/04) que não haverá acordo para regularizar a situação dos cerca de 800 mil "dreamers" (sonhadores) – jovens imigrantes ilegais protegidos da deportação pelo programa Ação Diferida para os Chegados na Infância (Daca).
As declarações de Trump representam uma nova mudança de postura do presidente em relação ao programa. O republicano, que chegou a cancelar o Daca em 2017, afirmou mais tarde que gostaria de resolver o problema desses jovens indocumentados, culpando os democratas pelo bloqueio das negociações sobre o caso.
Mas sua disposição para legalizar os "dreamers" tinha um preço alto: a liberação da verba para a construção de um muro na fronteira com o México, além do corte acentuado em dois programas de imigração legal já estabelecidos. Trump quer abolir a chamada "loteria de vistos", ou programa de visto da diversidade, e reduzir drasticamente o reagrupamento familiar.
Neste domingo, no entanto, Trump indicou que não quer mais um acordo. Momentos após desejar feliz Páscoa a seus seguidores no Twitter, ele pediu aos republicanos que usem imediatamente a chamada "opção nuclear" para mudar o regimento do Senado e aprovar uma lei de imigração sem contemplar uma solução para o Daca.
A "opção nuclear" permite que projetos sejam aprovados na câmara alta do Congresso por maioria simples (51 votos) e não com 60 votos, como normalmente ocorre. Quem pode convocar a medida é o líder do Partido Republicano no Senado, Mitch McConnell – também líder da maioria na Casa.
Trump justificou seu pedido afirmando que o governo mexicano "está fazendo muito pouco – senão nada – para impedir que pessoas entrem no México pela fronteira ao sul, e então sigam para os EUA". Segundo ele, os mexicanos "riem das nossas leis de imigração estúpidas". "[As fronteiras] estão ficando perigosas. 'Caravanas' estão chegando."
O presidente ainda ameaçou mais uma vez cancelar o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta), que os EUA renegociam com México e Canadá. "[Os mexicanos] devem parar os grandes fluxos de drogas e de pessoas, ou eu vou parar sua fonte de dinheiro, Nafta."
"Precisamos de um muro!", afirmou Trump, em referência ao paredão que quer construir na fronteira com o México. Ele concluiu suas mensagens no Twitter afirmando que "esses grandes fluxos de pessoas estão tentando tirar proveito do Daca". "Eles querem entrar no ato."
O programa Daca foi promulgado em 2012 pelo então presidente americano, Barack Obama, e protegeu da deportação e concedeu uma licença de trabalho temporária a cerca de 800 mil jovens que entraram nos Estados Unidos ilegalmente quando crianças.
Trump gerou polêmica ao anunciar, em setembro de 2017, que seu governo estava pondo um fim ao Daca, levando os chamados "dreamers" a enfrentar o risco de deportação.
Meses mais tarde, em janeiro, um juiz americano ordenou que o presidente reativasse parcialmente o programa e seguisse recebendo solicitações até que se resolvam todas as questões jurídicas pendentes em diferentes tribunais do país. Atualmente, o destino desses jovens segue num limbo judicial.
Ao longo dos meses, congressistas democratas e republicanos apresentaram várias propostas para dar uma solução definitiva para a situação dos "sonhadores", mas Trump não aceitou nenhuma delas – ou porque não garantiam dinheiro suficiente para o muro com o México, ou porque não reduziam o atual programa de reagrupamento familiar.
EK/afp/ap/efe/rtr
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