Tropas russas assumem controle total de Sievierodonetsk
25 de junho de 2022A estratégica cidade ucraniana de Sievierodonetsk, na região do Donbass, palco há semanas de combates entre as forças russas e ucranianas, está "totalmente ocupada" pelo exército da Rússia, anunciou neste sábado (25/06) o prefeito, Oleksandre Striouk. A conquista de Sievierodonetsk, na área do Donbass, era um objetivo-chave dos russos em sua tentativa de assumir o controle sobre o leste da Ucrânia.
"A cidade foi totalmente ocupada pelos russos", disse Oleksandr Striuk na televisão ucraniana.
Na sexta-feira, o Exército ucraniano disse que retiraria todas as suas forças da cidade para defender melhor a vizinha Lysychansk.
Mais cedo neste sábado, separatistas pró-Moscou haviam informado que as forças russas e pró-Rússia tinham assumido o controle da fábrica química Azot, em Sievierodonetsk, e evacuado mais de 800 civis que estavam abrigados no local. A fábrica era um dos últimos redutos das forças ucranianas na cidade.
Além disso, segundo os separatistas pró-Moscou, tropas russas e aliadas já teriam entrado em Lysychansk e combates estariam em andamento nas ruas.
"A milícia popular da República Popular de Lugansk e o exército russo entraram na cidade de Lysychansk. A luta de rua está ocorrendo atualmente", disse um representante dos separatistas pró-Rússia, Andrei Marochko, no Telegram.
Retirada ucraniana de Sievierodonetsk
As últimas forças ucranianas que lutavam em Sievierodonetsk receberam ordem de se retirar da cidade para evitar serem cercadas, segundo informou o governador da região de Lugansk, Serguei Haidai, na sexta-feira.
"As forças armadas ucranianas terão que recuar de Sievierodonetsk. Elas receberam uma ordem para isso", disse Haidai no Telegram. Ele afirmou que a cidade foi "quase transformada em escombros" por bombardeios contínuos.
"Permanecer em posições destruídas por muitos meses só para ficar lá por ficar não faz sentido", disse o governador.
Sievierodonetsk era a última grande cidade da região de Luhansk ainda parcialmente sob controle ucraniano.
"Toda a infraestrutura crítica foi destruída. Noventa por cento da cidade está danifica, 80% das casas terão que ser demolidas", ressaltou Haidai.
Antes da guerra, Sievierodonetsk contava mais de 100 mil habitantes. A cidade surgiu durante a época soviética, a partir de uma vila próxima à fábrica de produtos químicos Azot, a maior da Ucrânia. Nos anos 1950, a nova cidade na fronteira das regiões de Lugansk, Donetsk e Kharkiv recebeu o nome do rio Seversky Donets.
O proprietário da Azot é o oligarca e magnata da mídia Dmytro Firtasch, que vive na Áustria desde 2014 e pode ser extraditado para os Estados Unidos devido a suspeitas de corrupção. A fábrica em Sievierodonetsk produz principalmente fertilizantes, a maior parte destinada à exportação.
Nos últimos anos, devido ao conflito no Donbass, a fábrica, como muitas na região, teve que lidar com paralisações de sua produção. Além da Azot, há outras indústrias químicas na cidade. Em Lysychansk, há uma refinaria que antigamente pertencia a empresários russos, mas que não está em operação há tempos.
Importância estratégica
Sievierodonetsk e Lysychansk são separadas apenas por um rio e têm importância estratégica por serem a ligação para outras regiões da Ucrânia. A atenção principal é dada a uma rodovia entre Lysychansk e Bachmut, em Donetsk, por onde é feito o abastecimento dos militares ucranianos. Até recentemente rota de evacuação de civis, hoje a rodovia é considerada perigosa demais, devido aos bombardeios.
A conquista de Sievierodonetsk e Lysychansk possibilitaria ao exército russo chegar à fronteira administrativa da região. Além disso, de lá os militares russos poderiam lançar uma ofensiva para o oeste, em direção a Kramatorsk, um outro centro administrativo de Donetsk. Kramatorsk é uma das últimas grandes cidades industriais no Donbass ainda totalmente controlada por Kiev.
Novos bombardeios
A Ucrânia foi alvo de diversos bombardeios neste sábado, como nas cidades de Lviv, Mykolaiv, Chernigov, Sumy e na região de Dnipropetrovsk.
Segundo o Estado-Maior ucraniano, os bombardeiros que atingiram Jitomir e Chernigov partiram de Belarus. A ex-republica soviética, comandada pelo ditador Alexander Lukashenko, se declarou neutra no conflito.
Apesar de não estar participando oficialmente da guerra, Belarus serviu de apoio logístico às tropas de Moscou, especialmente nas primeiras semanas da ofensiva russa. O país liderado por Lukashenko, desde 1994, tem sido, desde então, alvo de sanções ocidentais, também aplicadas contra a Rússia.
le (AFP, DW, Lusa, ots)