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Ícone comunista

(cv)16 de outubro de 2006

Aproximadamente 50 anos depois de o primeiro modelo deixar as linhas de produção, o carro que se tornou símbolo da Alemanha Oriental pode ainda ser visto circulando pelas estradas do país.

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Design 'retrô' do Trabi é um convite à inspiraçãoFoto: Bilderbox

Mais de 58 mil Trabants, ou Trabis, ainda estão em uso em toda a Alemanha unificada, cerca de 85% deles no antigo Leste comunista, de acordo com o Centro Federal de Registro de Veículos. "Uma vez que você se apaixona por um Trabi, irá sempre querer ter um", declara Annegret Ernst, representante do Intertrab, o registro internacional dos Trabants, localizado na cidade de Zwickau.

Como outros colecionadores, Ernst e sua organização empenham-se em manter o status cult do carro, cujo nome significa "satélite" em alemão. Aproximadamente 3,7 milhões de Trabis foram produzidos na fábrica Sachsenring em Zwickau, de novembro de 1957 até 1991 – dois anos após a queda do Muro de Berlim.

Apesar de seu desempenho modesto e do poluente motor de dois tempos, o Trabi era o veículo mais comum na Alemanha Oriental, sendo também exportado para outros países socialistas.

Nostalgia do Trabi

BdT Trabant Pool
O carro 'cult' tem mais de um usoFoto: AP

O colapso do comunismo tornou possível aos alemães orientais a compra de carros ocidentais mais rápidos, reorientando o mercado e levando o Trabant à decadência.

Os últimos modelos fabricados tinham motor de dois cilindros, 25 cavalos de potência e 600 cilindradas. O Trabi levava 21 segundos para atingir 100 km/h, sua velocidade máxima.

A carroceria de plástico endurecido, contendo resina, fortalecido por lã e algodão, ajudava à economia centralizada da Alemanha Oriental evitar a cara importação do aço. Atualmente, esta composição do chassi é uma sorte para os proprietários, já que não enferruja tanto quanto os que são feitos de metal. A engenharia de fácil manutenção do Trabant "significa que se pode fazer muitos reparos sozinho", diz Ernst.

Os motoristas precisavam esperar por 15 anos para receber seu Trabi, que persistiu basicamente sem alterações estéticas por mais de três décadas. Mas, quando o carro finalmente chegava, tornava-se um objeto adorado pelo fato de que algumas vezes era difícil reconhecer a diferença entre um Trabi com dez anos de uso e um novo.

Go, Trabi, go!

Embora a Alemanha Oriental exportasse Trabants, o carro só se tornou bem conhecido no Ocidente depois da queda do Muro de Berlim, quando muitos foram abandonados por seus donos ao emigrar para a parte ocidental.

Wiedervereinigung p178
O Trabi sobreviveu a Reunificação

Os Trabis também apareceram em filmes longa-metragem característicos como Go, Trabi, Go, uma comédia sobre a trajetória pela Europa de uma família da Alemanha Oriental, libertada logo após a reunificação, e no mais recente Adeus, Lenin! que trouxe um ar de nostalgia à queda do Muro.

O simpático veículo também se tornou alvo de piadas do tipo: "Como fazer um Trabi atingir a velocidade de 100 km/h? Empurre-o de um despenhadeiro." Ou: "Como se dobra o valor de um Trabant? Basta encher o tanque."

Atualmente, turistas podem participar de "Trabi-safaris" de 90 minutos pelos principais pontos de Berlim ou Dresden. Os passeios guiados em diversos idiomas, incluindo inglês e espanhol, também oferecem a chance de dirigir um Trabi de quatro marchas, completo com sistema de arranque manual para os dias frios de inverno.

O Intertrab está organizando um rali em junho do próximo ano, coincidindo com o 50º aniversário do início da produção do veículo.