Todos os títulos no currículo
1 de junho de 2003Desde que chegou à Alemanha, o brasileiro Élber levantou e beijou a Copa Intercontinental em Tóquio e a taça da Liga dos Campeões, ambas em 2001, quatro vezes a Copa Alemanha (1997, 1998, 2000 e este ano) e quatro vezes a cobiçada bandeja da Bundesliga (1999, 2000, 2001 e este ano). Na última rodada do Campeonato Alemão 2002/2003, pôde finalmente realizar o sonho de todo atacante: receber o troféu de artilheiro da temporada, o único que de fato lhe pertence.
Por pouco, porém, a conquista lhe escapou. "Quando soube que o Bochum vencera com quatro gols, pensei, Christiansen fez dois", confessou o brasileiro, que chegara à derradeira rodada com um gol de vantagem sobre o dinamarquês naturalizado espanhol. No entanto, o estreante da primeira divisão alemã fizera apenas um na vitória de 4 a 2 sobre o 1860 Munique.
Atestado de eficiência
O centroavante do Bayern de Munique não se deixou abalar por ter de dividir o tão cobiçado título. Como artilheiro da Bundesliga, Élber sente-se respaldado para desembarcar no Brasil de férias, de cabeça erguida, depois de ter sido preterido há um ano na convocação da seleção canarinho que se sagrou pentacampeã mundial. Em sua opinião, ninguém se interessa no Brasil pelo fato de ele já ser há meses o estrangeiro com maior número de gols na história do Campeonato Alemão (132 em 252 jogos). Mas "se chego de férias como o artilheiro da temporada, sou um herói", afirma.
Élber atuou em 33 das 34 partidas do Bayern de Munique no Campeonato Alemão. Largou bem na briga pela artilharia, fazendo logo quatro gols na segunda rodada, na goleada de 6 a 2 sobre o Arminia Bielefeld. Ao fim do primeiro turno, entretanto, Aílton chegou à sua frente, com 13, três a mais do que o paranaense, que, no recesso de inverno, desafiou o paulista para uma aposta. Quem fosse o artilheiro teria sua viagem de férias paga pelo outro. O concorrente do Werder Bremen empacou no returno e só fez mais três, enquanto Élber quebrou o jejum de gols fora de casa e mais que duplicou seu rendimento, somando 21 – nenhum deles de pênalti.
Jogar no Bayern de Munique e ser o goleador da Bundesliga é raro. Apesar de o time bávaro ser o recordista de títulos (18 vezes), somente em 12 um jogador seu despontou como artilheiro. Foram eles: Gerd Müller (sete vezes), Karl-Heinz Rummenigge (três) e Roland Wohlfarth (duas). Élber já decidiu o que fazer com o valioso troféu – não oficial, diga-se de passagem, mas oferecido pela revista esportiva Kicker. O atacante vai colocá-lo no quarto de seu filho Victor Antonio.
Amor reavivado
A conquista pessoal parece ter dado novo ânimo ao artilheiro para continuar em Munique, ao contrário do que prometia em janeiro. "Neste returno, minha decisão amadureceu e ela é irrevogável. Vou cumprir meu contrato (até 2004) com o Bayern, faça sol, chuva ou neve", afirma Élber, que, aos 30 anos, ainda sonha em transferir-se para o futebol espanhol.
A diretoria do clube, no início do ano, primeiro reagiu às intenções do atacante com ironia – "todo inverno ele ameaça ir embora". Mas Élber tanto rodou a baiana que desta vez o diretor Uli Hoeness chegou a concordar em vendê-lo ao fim da temporada. Idéia ainda não descartada ao menos pelo Bayern. O clube está tentando contratar Makaay (Deportivo La Coruña). Se consegui-lo, o brasileiro estará livre para escolher seu destino.
A revelação e o ex-artilheiro
Quem terminou o campeonato tão feliz quanto Élber (e seu parceiro de equipe Zé Roberto) foi o alemão carioca Kevin Kuranyi. Ao longo dos últimos dez meses, o atacante de 21 anos do Stuttgart conquistou o posto de titular de seu time, marcou ao todo 15 gols, sagrou-se vice-campeão e passou a ser convocado para a Seleção Alemã. Para a agência de notícias esportivas SID, foi a revelação da temporada.
Muitos outros brasileiros não tiveram a mesma sorte. Amoroso, campeão e artilheiro da temporada passada pelo Borussia Dortmund, só entrou em campo em 24 jogos, tendo jogado os 90 minutos em apenas um deles. Marcou somente seis gols. Sentindo-se encostado pelo técnico Matthias Sammer, o jogador mais caro da história da Bundesliga (25 milhões de euros) pensa em transferir-se: "Não consigo entender que um atacante que fez 18 gols na temporada passada só jogue 15 minutos. Vamos ver onde vou jogar na próxima temporada", disse Amoroso após a última partida.
Hora de fazer as malas
Se o centroavante deixar a Bundesliga não será o único brasileiro. Alex Alves deverá voltar ao Atlético Mineiro, depois de o Hertha Berlim esperar anos por atuações mais constantes do baiano. Na capital alemã, especula-se também sobre o futuro de Luizão, considerado pela agência SID a grande decepção da temporada. Contratado como o maior reforço do Hertha em seu 110º aniversário, o pentacampeão mundial só marcou dois gols no campeonato (um de pênalti) e um na Copa da Uefa. Muito pouco para um salário anual de 2,5 milhões de euros.
No Bayer Leverkusen, ninguém a deseja, mas todos sabem que a venda de Lúcio é praticamente inevitável. Com o clube de caixa baixa após a má campanha, negociar o zagueiro significa dinheiro no cofre e uma folha de pagamento mais enxuta. Juan, França e Chris igualmente não têm garantia de permanência no ex-vice-campeão. Rebaixado, o Nürnberg já decidiu desfazer-se de seus brasileiros. O atacante Cacau já assinou com o Stuttgart, enquanto o meio-campista Júnior está dispensado.