Melhores blogs
21 de junho de 2011
As novas mídias ficaram mais conhecidas devido à importância que ganharam durante as manifestações que marcaram o ano no mundo árabe. Desde então, passou-se a usar o termo "Revolução do Facebook", por exemplo. A blogueira tunisiana Lina Ben Mhenni, no entanto, ressalta: "As pessoas nas ruas são responsáveis pela revolução. A internet só ajudou".
Sendo assim, a parcela de contribuição de Lina também foi dada, com seu blog A Tunisian Girl ("Uma garota tunisiana"). Aos 28 anos, ela confessa que não se sente muito bem quando é o centro das atenções. Na noite desta segunda-feira (20/06), no entanto, ela foi a personagem principal no evento de entrega do prêmio de "Melhor Blog" oferecido pela Deutsche Welle. A festa aconteceu durante o Deutsche Welle Global Media Forum, na cidade de Bonn.
Uma garota tunisiana
Em meados de abril, os 12 jurados de vários países que avaliaram os blogs concorrentes escolheram o assinado por Lina como vencedor do concurso The BOBs – Deutsche Welle Blog Awards. No espaço virtual, a professora da Universidade de Túnis escreve em inglês, árabe e francês sobre o desenvolvimento sociopolítico de seu país e também sobre a pressão e a censura que marcaram o governo do então presidente Ben Ali, derrubado do poder em janeiro deste ano. Os riscos de postar sobre tais temas na internet eram grandes.
"O policiamento político estava em todo lugar. Eles perseguiam os ativistas. Muitas pessoas foram presas, sequestradas, torturadas. Outras chegaram a ser assassinadas. Era realmente perigoso", admite Lina.
A tunisiana afirma estar um pouco decepcionada, porém, como o recente desenvolvimento em seu país. Há poucos dias, ela deixou um emprego num comitê consultivo para reforma da mídia na Tunísia.
"Eu decidi sair porque trabalhei duro, mas não os resultados não estão claros. Em alguns meses iremos às urnas. Mas as eleições vão acontecer com a população contando com os mesmos veículos de comunicação que trabalharam ao lado de Ben Ali. Isso eu não posso aceitar", afirmou a tunisiana em Bonn.
Para todos os egípcios
Ao todo, a premiação do The BOBs é dividida em seis categorias. Este ano, no entanto, a organização deu maior ênfase às páginas do mundo árabe. Na categoria Melhor Campanha de Ativismo Social, o prêmio foi dado para a campanha egípcia Somos todos Khaled Said (nós somos Khaled Said), uma comunidade em nome de Khaled Said, morto pela polícia em Alexandria em junho de 2010. Sua morte desencadeou a revolução no Egito.
Esta comunidade no Facebook desempenhou um papel central durante os protestos na Praça Tahrir, no Cairo, em janeiro passado. O ativista virtual Mohammed Ibrahim recebeu o prêmio.
"Eu não vejo esta homenagem como uma premiação pessoal, nem como algo apenas para a equipe do Somos todos Khaled Said. Ele vai para todos os egípcios, pois foram eles que tornaram esta revolução possível", disse Ibrahim.
Importância do The BOBs
Um grupo de ativistas iranianos cuida do Stands with fists (sempre em punho), streaming mantido todo em verde no Youtube Os filmes ali postados tematizam as atividades do Movimento Verde de protesto contra o governo Ahmadinejad e permite uma visão da atual sociedade iraniana. A contribuição dos ativistas iranianos ganhou o prêmio de Melhor Canal de Vídeo do BOBs. Por motivos de segurança, os responsáveis por Stands with fists preferem continuar anônimos e se apresentaram irreconhecíveis através de um vídeo.
O "Best of Blogs Award" – The BOBs, o prêmio dos melhores blogs – foi oferecido pela sétima vez e é considerado um dos mais importantes da blogosfera. Usuários do mundo todo inscreveram 2.100 contribuições para concorrer.
Para o editor-chefe da Deutsche Welle, Marc Koch, a importância do BOBs está no fato de ele ser "internacional, de ele ser elaborado e oferecido em várias línguas. E pelo fato de constituirmos, através dele, uma rede mundial de comunicação".
Justamente por isso, a blogueira Judith Torrea se diz muito agradecida. Ela escreve a partir da mais violenta cidade do mundo, Ciudad Juárez, localidade no México que é palco de uma luta mortal entre os cartéis da droga. Por seu trabalho arriscado, Torrea recebeu o Prêmio Repórteres sem Fronteiras.
Por ocasião da premiação, ela declarou aos demais ganhadores: "Eu estou tão contente de ter conhecido a todos vocês. Estas pessoas maravilhosas. Algumas vezes, me sinto muito só ao realizar meu trabalho em Ciudad Juarez. Mas agora eu sei, eu não estou sozinha. Eu posso escrever para vocês."
Autor: Matthias von Hein (ms/ca)
Revisão: Marcio Damasceno