TÜV Süd anuncia auditoria sobre certificação de barragem
7 de fevereiro de 2019A certificadora alemã TÜV Süd anunciou nesta quarta-feira (06/02) que contratou dois escritórios de advocacia para investigar seu papel no rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. Engenheiros da empresa alemã atestaram a estabilidade da estrutura.
Em comunicado, a TÜV Süd afirmou que contratou os escritórios Pohlmann & Company e Hengeler Mueller, ambos da Alemanha, para realizarem uma investigação independente do caso. A empresa disse também que planeja contratar um especialista externo para analisar questões técnicas da tragédia.
"Imediatamente após o rompimento da barragem, a Diretoria e o Conselho de Administração da TÜV Süd iniciaram amplas investigações sobre o caso", ressaltou a empresa, lamentando a tragédia. A consultoria, sediada em Munique, reiterou que está colaborando com as investigações.
O anúncio foi feito um dia após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) conceder liberdade aos três funcionários da Vale e aos dois engenheiros da TÜV Süd, que foram detidos em 29 de janeiro, no âmbito da investigação da tragédia. André Yassuda e Makoto Namba eram terceirizados da certificadora alemã e atestaram a barragem como "estável", após uma inspeção no final de setembro de 2018.
Após o desastre, autoridades investigam se houve fraude nas análises que atestaram a segurança da barragem.
Nesta quarta-feira, o depoimento dos engenheiros à Polícia Federal vazou para a imprensa. Segundo as TVs Globo e Record, Namba afirmou que foi questionado por um funcionário da Vale se a TÜV Süd iria assinar a certificação e se sentiu pressionado para atestar a estabilidade da barragem.
O engenheiro disse que assinaria o laudo se a mineradora adotasse recomendações feitas em junho de 2018 e destacou que o questionamento pareceu uma maneira de pressioná-lo a "assinar a declaração de condição de estabilidade sob o risco de perderem o contrato".
De acordo com a Folha de São Paulo, o laudo continha 17 recomendações para solucionar problemas de erosão e drenagem da barragem e, assim, garantir a segurança da estrutura.
Trocas de e-mails identificados pelos investigadores revelaram também que, dois antes da tragédia, a Vale descobriu problemas nos sensores que monitoravam a barragem e teria informado a TÜV Süd e a Tec Wise, outra contratada da mineradora.
Namba disse, porém, que só soube do problema depois do rompimento da barragem.
Em nota, a Vale afirmou que está colaborando com as autoridades e disse que não comentará particularidades das investigações para preservar a apuração dos fatos.
O rompimento da barragem de 86 metros de altura e 720 de cumprimento liberou mais de 11 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos de minério de ferro no rio Paraopeba e arrasou instalações da mineradora e parte de uma comunidade da cidade. Até agora, 150 mortes já foram confirmadas e 182 pessoas continuam desaparecidas.
CN/rtr/ots
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