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Técnicos e cartolas trocam provocações antes do clássico

Marcio Weichert1 de fevereiro de 2002

"Somos o fantasma deles", "Desta vez não vamos jogar com as calças borradas" e "Vamos deixar as fraldas em casa" são apenas algumas das frases usadas às vésperas da partida entre Bayern de Munique e Bayer Leverkusen.

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Os dois times empataram em 1 a 1 no BayArena, no primeiro turnoFoto: AP

Ainda não se sabe se, como nos anos anteriores, os bávaros irão rir melhor no final, mas, antes de a bola rolar, o clássico Bayern de Munique versus Bayer Leverkusen deste domingo não parece diferente dos anteriores. Como se já não bastasse o clima de rivalidade para alimentar as provocações de ambos os lados, a difícil situação do Bayern no Campeonato Alemão colabora para o acirramento das declarações.

"Em casa, o Bayern é sempre o favorito, tanto faz contra quem, Real Madrid, Barcelona ou Leverkusen", adverte o técnico Ottmar Hitzfeld, a despeito da desvantagem de oito pontos de seu time em relação ao líder da Bundesliga. Com as estatísticas históricas a seu lado, Hitzfeld provoca o adversário: "Somos os fantasmas do Leverkusen." Afinal, seu time não perde para o rival, na capital da Baviera, desde 1989, tendo ganho todas as sete partidas desde 1994.

"Eles ainda estão longe de serem campeões. Sob o comando de Christoph Daum, também estavam no caminho certo e fracassaram em Unterhaching", lembra o treinador, referindo-se à temporada 1999/2000, quando o Leverkusen deixou seu primeiro título nacional escapar na última rodada ao perder para o Unterhaching, time da periferia de Munique e que em 2001 voltou para a segunda divisão.

Filme já visto

– Os líderes da Bundesliga afirmam que os tempos são outros e que desta vez a escrita será quebrada. "Somos os líderes, temos oito pontos de vantagem sobre nosso adversário, fornecemos o maior número de jogadores para a Seleção Alemã e podemos nesta partida tirar o Bayern da briga pelo título. Além disto, os bávaros já nos aborreceram demais nos últimos tempos", retruca o treinador Klaus Toppmöller, do Leverkusen, que até a semana passada insistia em apontar o Bayern de Munique como o favorito para conquistar o campeonato.

"Desta vez, não vamos com as calças já borradas", garante o técnico, que faz na verdade sua primeira partida à frente do Leverkusen contra o Bayern em Munique. Mas palavrório similar usou em 1993, quando dirigia o Eintracht Frankfurt, e acabou voltando tendo de morder a língua. "Vamos mostrar aos mestres do que somos capazes e corrigir a imagem de eterno vice", acrescenta Toppmöller.

O diretor Reiner Calmund reforça as palavras do treinador. "Desta vez, vamos deixar as fraldas em casa", afirma, reconhecendo talvez a falta de maturidade e/ou o medo demonstrados por sua equipe nas partidas anteriores. Mas, em seguida, o próprio Calmund mostra cautela. "Diante de um jogo destes, não vou tirar sarro do Bayern só porque está em quinto lugar", completa o diretor.

Alguns de seus jogadores também preferem o respeito, afinal são eles que vão ter de encarar em campo as estrelas mundiais do Bayern e sua entusiasmada torcida. "Em Munique, nunca conseguimos nada mesmo. Não contamos com os três pontos", declara o meio-campo Ballack, já de contrato assinado para defender o adversário na próxima temporada. "Não se pode jamais desconsiderar o Bayern. Nesta temporada eles já estiveram em quinto lugar e de repente apareceram na liderança", recorda o zagueiro Novotny.

Esperança não morreu

– Talvez por isto os bávaros não tenham desistido do sonho do tetracampeonato este ano. Mesmo após a humilhante goleada de 5 a 1 tomada do Schalke na rodada passada, há quem ainda acredite em sua realização, mas estes sabem que o Bayern não pode mais se dar ao luxo de perder pontos, especialmente para o líder da competição. "Desistir não faz parte da mentalidade do Bayern. Se quisermos ser campeões, temos de disputar todos jogos como se fossem finais. E um empate no domingo não irá nos servir de nada", afirma o técnico Hitzfeld.

"A partida contra o Leverkusen é o mais importante de toda a temporada até agora. Se não ganharmos, a questão estará liqüidada", opina o atacante Jancker. "Temos de transformar nossas pequenas chances em grandes. Caso contrário, estaremos fora do páreo", reforça o capitão Effenberg.

A torcida do tricampeão alemão, campeão europeu e mundial parece mais cética (ou realista) que seu time. Até a sexta-feira, haviam sido vendidos apenas 35 mil dos 63 mil ingressos para o Estádio Olímpico de Munique.