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Síria bloqueia espaço aéreo para aviões civis turcos

14 de outubro de 2012

Tensão entre os dois vizinhos aumenta apesar dos pedidos de vários países pela moderação. Segundo ONG, tropas sírias teriam jogado bombas de fragmentação próximo a áreas ocupadas por civis.

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Foto: AFP/GettyImages/Tauseef Mustafa

Apesar dos pedidos internacionais por moderação entre os governos da Turquia e da Síria, as tensões entre os dois países só aumentam. Neste domingo (14/10), a agência estatal síria de notícias Sana informou que o governo em Damasco fechou, a partir da noite deste sábado, seu espaço aéreo para aviões civis turcos.

O ministro sírio de Relações Exteriores disse que a medida foi uma retaliação à determinação da Turquia de interceptar um avião sírio que vinha de Moscou, atitude classificada pelo governo do presidente Bashar al Assad como "pirataria aérea". O governo turco, no entanto, afirma que o avião transportava munição russa para as tropas sírias.

Na semana passada, a Turquia atacou algumas áreas da Síria, depois de a artilharia do país vizinho ter matado cinco civis turcos. Deste então, o parlamento turco aprovou um pedido do governo em Ancara para executar operações militares no interior da Turquia.

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Síria agiu em retaliação à decisão da Força Aérea turca de interceptar voo para DamascoFoto: Getty Images

O aumento das tensões vem despertando temores internacionais de que um conflito armado possa se espalhar pelo mundo árabe. Neste domingo, o enviado especial das Organização das Nações Unidas (ONU) e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi, viajou ao Irã, um dos principais aliados de Assad, para encontrar o presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Nesta segunda-feira, Brahimi visitará o Iraque, em sua segunda rodada de conversas na região depois de ter assumido o posto, em setembro. Neste sábado, ele esteve em Ancara juntamente com o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, para tentar evitar o agravamento da situação entre Turquia e Síria.

Bombas sobre civis

A ONG norte-americana Human Rights Watch (HRW) divulgou neste domingo (14/10) que helicópteros e aviões do governo sírio jogaram bombas de fragmentação, de fabricação russa, ao longo da principal autoestrada que liga o sul e o norte do país, passando pela estratégica cidade de Maarat al Numan.

A cidade foi retirada das mãos das tropas do governo pelos rebeldes na semana passada, o que atrapalhou a rota entre a capital, Damasco, e o principal centro comercial, Aleppo.

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Situação na fronteira entre Síria e Turquia é tensaFoto: Reuters

Ainda de acordo com a ONG, as bombas também foram encontradas nas províncias de Aleppo, Damasco, Homs e Lattakia. Testemunhas teriam relatado que as munições teriam sido jogadas em Tamanea, próxima a Maarat al Numan, na terça-feira passada. Uma delas teria caído entre duas escolas. Moradores estariam levando bombas não explodidas para casa como souvenir, segundo um morador.

A HRW já havia divulgado anteriormente o uso dessas armas pela Síria em julho e agosto, mas os novos ataques indicam a determinação do governo em retomar o controle da região no noroeste do país. Esse tipo de munição libera centenas de pequenas bombas em uma área ampla e tem como objetivo matar o maior número possível de pessoas. Grupos de direitos humanos afirmam que seu uso próximo a residências civis pode ser considerado crime de guerra.

Mais de 100 países já baniram o uso dessas bombas por meio de uma convenção, que virou lei internacional em 2010. No entanto, a Síria é um dos países não-signatários, assim como a Rússia, a China e os Estados Unidos.

"O desprezo da Síria por sua população civil também está bem evidente em sua campanha aérea, que agora aparentemente inclui jogar essas bombas de fragmentação mortais em áreas habitadas", afirma Steve Goose, diretor da HRW.

Enquanto isso, pelo menos 100 corpos foram encontrados neste domingo em uma área próxima a Damasco, segundo ativistas da oposição. Eles relataram que as vítimas tinham as mãos amarradas e aparentemente foram executadas. O canal estatal de televisão havia reportado que as tropas do governo teriam "limpado de terroristas" áreas no subúrbio de Damasco.

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População leva bombas para casa como souvenir, relatou moradorFoto: Cluster Munitions Coalition

Os confrontos entre grupos rebeldes e tropas leais ao governo já duram 19 meses. Calcula-se que mais de 32 mil pessoas tenham morrido nos conflitos.

MSB/rtr/dpa/afp
Revisão: Luisa Frey