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Suspeito de assassinato que chocou Alemanha confessa crime

9 de junho de 2018

Polícia do Iraque afirma que jovem de 20 anos admitiu ter matado uma adolescente de 14 anos na Alemanha. Iraquiano, que teve seu pedido de refúgio na Alemanha negado, viajou ao país natal após o estupro seguido de morte.

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"Susanna, 14 anos, vítima da tolerância", diz homenagem à vítima em Wiesbaden
"Susanna, 14 anos, vítima da tolerância", diz homenagem à vítima em WiesbadenFoto: picture-alliance/dpa/B. Roessler

Um iraquiano de 20 anos que teve o pedido de refúgio negado na Alemanha admitiu ter assassinado uma adolescente de 14 anos no país, afirmaram autoridades do Iraque neste sábado (09/06), onde o jovem foi detido. O crime chocou a Alemanha e inflamou o debate sobre a política migratória do país.

O iraquiano Ali B. é suspeito de ter estuprado e estrangulado a adolescente Susanna na cidade de Wiesbaden, na noite de 22 para 23 de maio. Segundo a polícia alemã, o jovem havia chegado à Alemanha com sua família em 2015 e vivia desde então em um abrigo de refugiados em Erbenheim, perto de Wiesbaden.

Cerca de uma semana após o crime, em 2 de junho, o iraquiano deixou a Alemanha junto com a família, de oito membros, rumo ao país natal, onde foi preso nesta sexta-feira. Segundo jornais alemães, Ali B. será deportado de volta para a Alemanha.

Tarik Ahmed, porta-voz da polícia iraquiana, disse à emissora local Rudaq que Ali B. confessou o crime. Ele e Susanna teriam ingerido grande quantidade de álcool e comprimidos antes do estupro seguido de assassinato. A adolescente teria ameaçado chamar a polícia, o que fez com que o jovem a acabasse estrangulando.

Em entrevista à DW, a mãe do suspeito disse que o filho não se lembrava do crime porque estava bêbado. Ela afirmou que a família só ficou sabendo das acusações contra Ali B. após a prisão no Iraque e por meio de notícias na internet.

Ali B. já tinha vários registros na polícia. Há indícios de que ele teria estuprado uma menina de 11 anos no abrigo de refugiados, acusação que não foi esclarecida. Além disso, ele teria diversas vezes se mostrado agressivo, tendo ameaçado uma policial com uma faca.

A polícia acredita que ele conhecia sua suposta vítima. Susanna – da cidade de Mainz, vizinha a Wiesbaden – seria uma conhecida do irmão mais novo do suspeito. As autoridades não divulgaram informações sobre uma possível influência da origem judaica da vítima no assassinato. 

Enxurrada de críticas

Após a morte de Susanna, autoridades foram acusadas de falhas, e um intenso debate político se iniciou. A ministra alemã da Família, Franziska Giffey, disse ao jornal Hannorvesche Allgemeine Zeitung que um crime como esse precisa ter consequências.

"O criminosos e também aquele que negligenciaram suas obrigações estatais precisam ser responsabilizados. Quase todos os debates sobre integração [de refugiados à Alemanha] já eram carregados de emoção. Esse caso intensifica isso ainda mais", afirmou a ministra.

O caso voltou a gerar críticas à política de refugiados da chanceler federal Angela Merkel, que decidiu acolher uma grande quantidade de migrantes em meio à crise de refugiados vivida pela Europa em 2015. A Alemanha recebeu mais de um milhão de requerentes de refúgio desde então.

A bancada dos partidos conservadores União Social Cristã (CSU) e União Democrata Cristã (CDU), de Merkel, pedem que processos de refúgio sejam encurtados. O pedido de refúgio de Ali B. foi negado em 2016, mas ele ainda aguardava a análise de um recurso judicial e por isso não havia sido deportado.

"Não pode ser que um requerente de refúgio possa prolongar, com um recurso, seu direito de permanência no país em mais de um ano", disse Mathias Middelberg, porta-voz da CDU, ao jornal Rheinische Post.

Crime no contexto da imigração

Números fornecidos recentemente pelo Departamento Federal de Investigações da Alemanha (BKA) fornecem um panorama da situação. Um relatório intitulado Crime no contexto da imigração, com estatísticas de 2015 a 2017, afirma que o número de imigrantes suspeitos de delitos caiu 4% em 2017. No entanto, o texto afirma que chama atenção particularmente o envolvimento deles em crimes sexuais e homicídios.

O presidente do BKA, Holger Münch, ponderou há poucos dias na rede de televisão alemã ARD que o principal fator é "a composição dos imigrantes". Ele ressaltou que os homens "cometem três vezes mais crimes do que as mulheres, e homens jovens ainda mais".

Münch frisou que entre os refugiados há cerca de três vezes mais homens com menos de 30 anos do que na média da população alemã. E, segundo ele, nesse grupo etário, independentemente da sua origem, ocorrem, em princípio, muito mais delitos.

Além disso, a perspectiva de permanência na Alemanha desempenha um papel central: a taxa de criminalidade entre sírios e afegãos, que muitas vezes têm boas chances de permanecer, é menor do que entre os refugiados dos Estados do Magreb, que têm piores perspectivas na Alemanha, aponta Münch.

LPF/dpa/afp/rtr/dw

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