Supremo russo confirma veto a candidatura de rival de Putin
27 de dezembro de 2023A Suprema Corte da Rússia rejeitou a candidatura da jornalista Ekaterina Duntsova às eleições presidenciais de 2024, mantendo a decisão anterior da Comissão Eleitoral Central russa que havia alegado "inúmeras violações" nos documentos apresentados por ela para o registro da candidatura.
A informação foi divulgada nesta quarta-feira (27/12) pela própria Duntsova, uma política de pouca experiência com posições contrarias à guerra na Ucrânia que tentava disputar a eleição como candidata independente. Após a Comissão Eleitoral rejeitar no sábado por unanimidade a sua candidatura, ela decidiu apelar à Suprema Corte do país.
Ela afirmou em seu canal no Telegram que planeja a partir de agora criar seu próprio partido político para representar os eleitores que desejem "paz, liberdade e democracia", e avalia que foi injustamente desqualificada como candidata.
A ex-legisladora regional tenta promover uma visão mais "humana" da Rússia como um país "pacífico, amigável e pronto para colaborar com todos a partir do princípio do respeito". "Vamos conquistar o direito de viver sem medo, de falar livremente e de nos sentirmos confiantes em relação ao futuro", afirmou no Telegram.
Duntsova, de 40 anos, era pouco conhecida na Rússia. Ela reconhece que sua base de apoio é pequena, com alguns milhares de apoiadores em um país de 140 milhões de habitantes, mas diz que sua plataforma política representaria dezenas de milhões de russos.
"Hoje a situação na Rússia é assim: qualquer um que queira representar os cidadãos com visões democráticas nas próximas eleições ou está na prisão, ou tem seus direitos restritos e é processado na Justiça, ou é forçado ao exílio", afirmara Duntsova em entrevista recente à DW, antes de ter sua candidatura barrada.
Na ocasião, ela disse que desejava se colocar como uma alternativa real. "Por que não uma mulher como presidente, como símbolo de moderação, gentileza e sensibilidade?
Caminho aberto para Putin
O presidente russo, Vladimir Putin, de 71 anos, confirmou neste mês que disputará pela quinta vez as eleições presidenciais a serem realizadas durante três dias a partir de 15 de março de 2024. Ele está no poder há 24 anos – seja como presidente ou primeiro-ministro – e não enfrenta praticamente nenhuma competição.
Com a maioria das figuras da oposição russa atrás das grades, como o adversário Alexei Navalny, ou exilados fora do país, a vitória de Putin em março é praticamente certa.
O Kremlin destacou pesquisas de opinião segundo as quais Putin teria um índice de aprovação de 80%, e relatou que a maioria dos russos aprova a "operação militar especial" da Rússia na Ucrânia – tempo utilizado pelo governo russo para se referir ao conflito iniciado por Moscou no país vizinho.
rc/bl (Reuters, AP, DW)