Sons ajudam cegos a "ver" futebol
15 de abril de 2005Um cego pode assistir a um jogo de futebol? A resposta obviamente seria 'não' se pensássemos que o torcedor deficiente visual usaria os olhos.
Mas graças a um serviço que já está presente em vários estádios da Alemanha, quem parcialmente não conta com a visão pode aproveitar, "assistindo com os ouvidos", a tudo o que uma partida ao vivo pode oferecer.
Wolfgang Gommersbach, comentarista no RheinEnergie, onde joga o Colônia, tem a responsabilidade de narrar aos seus ávidos ouvintes, lance a lance, tudo o que acontece nos jogos da Segunda Divisão da Bundesliga.
"Este serviço com fones de ouvido e comentaristas começou no segundo turno da temporada 2004. Antes, nós tínhamos que sentar na arquibancada com uma companhia, sentindo o ambiente e o clima, mas dependíamos dos comentários de um amigo", disse Markus Simmon, um antigo torcedor do Colônia.
"Aqui nós podemos acompanhar tudo do primeiro ao último minuto", emendou Simmon. "Podemos escutar alguns dos jogadores, o barulho do chute na bola e da torcida, os espectadores e os repórteres. Eu fico nervoso, feliz, e me sinto dentro da torcida."
A essência do serviço está no treinamento dos narradores. Eles são preparados para oferecer os comentários mais informativos possíveis sem ameaças à realidade da partida.
"Numa reportagem de rádio, são transmitidos somente alguns minutos", explica Gommersbach. No serviço para os deficientes, eles misturam fatos e figuras com a ação do jogo para não desorientar o torcedor. "Nós realmente apresentamos o que acontece no gramado."
A narração é apenas um dos serviços oferecidos aos cegos. Os ingressos custam entre cinco e seis euros e incluem bebidas quentes e frias. Os clubes oferecem cerca de 15 assentos para os deficientes visuais, mas no momento eles dificilmente serão vendidos em carnê por serem reservados aos serviços de publicidade.
Leverkusen saiu na frente
O Bayer Leverkusen foi o primeiro clube na Alemanha a oferecer o serviço de áudio para torcedores cegos, seguindo os pioneiros do Manchester United, da Inglaterra.
"Nós primeiro vimos o sistema, há cinco ou seis anos, na Inglaterra e o ex-presidente Kurt Vossen trouxe ao Bayer Leverkusen", contou Stephan Rem, gerente de esportes do clube. "Trouxemos especialistas em tecnologia e segurança para trabalhar e tudo se resolveu relativamente rápido."
Desde então, clubes como o Schalke, o Hamburgo e o Wolfsburg adotaram o sistema, enquanto o Leverkusen trabalha para melhorá-lo. Para o futuro, espera-se que todos os novos estádios do país, como o Allianz Arena, em Munique, tenham tal serviço.