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HistóriaEuropa

"A música me salvou em Auschwitz"

27 de janeiro de 2022

Símbolo do Holocausto, o campo de concentração de Auschwitz foi libertado pelas tropas soviéticas em 27 de janeiro de 1945. Uma das sobreviventes, Anita Lasker-Wallfisch conta como foi salva pela música ao tocar violocencelo para prisioneiros e comandantes.

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Anita Lasker-Wallfisch jamais se esquecerá daquele dezembro de 1943: aos 18 anos de idade, ela foi deportada para Auschwitz.

"Naquele momento, já sabíamos o que Auschwitz significava. Você ia para Auschwitz para ser morto", conta Lasker-Wallfisch. "Então, isso já estava claro que aquela seria a última estação. Tudo sempre sai diferente do que a gente pensa, não é?"

Ela, que podia tocar violoncelo, acabou se unindo às meninas da orquestra do campo de concentração de Auschwitz. As garotas tinham que tocar nos portões para os prisioneiros e dar concertos para os comandantes.

"Enquanto eles quisessem música, eles não iriam nos mandar para as câmaras de gás. Era isso: apenas um adiamento. Então, se eles queriam música, eles precisavam da gente", afirma.

"Nós éramos uma espécie de peça de exibição. Se alguém – digamos, a Cruz Vermelha – viesse para checar se Auschwitz era um 'campo normal', eles não mostravam as câmaras de gás", acrescenta. "Eles nos mostravam, porque nós parecíamos relativamente decentes. E havia música lá, então tinha que estar tudo bem… Tudo aquilo era uma farsa colossal."

Em 1944, com o avanço do Exército soviético, os nazistas começaram a retirar as pessoas dos campos de concentração próximos à linha de frente. Anita Lasker-Wallfisch foi transferida de Auschwitz para um campo no interior do Reich.

"Alguém veio até o barracão e disse: 'Todos os judeus para fora'. De repente, nós fomos separados, embarcados num transporte de gado e levados para Belsen... Como descrever Belsen? Você andava sobre cadáveres. Não dá para descrever", frisa Lasker-Wallfisch, que permaneceu em Bergen-Belsen até a liberação do campo pelos britânicos, em 1945.

"Os britânicos vieram e eles não faziam ideia do que iriam encontrar. Eles acharam que estariam liberando um campo de detenção", diz. "Mas isso não era um campo de detenção, era uma cova de cadáveres. Foi um momento insano, claro. Ninguém acreditava que nós sobreviveríamos lá. Eles vieram no último momento..."