Revolta na Líbia
16 de março de 2011O presidente francês, Nicolas Sarkozy, pediu nesta quarta-feira (16/03) apoio para o projeto de resolução no Conselho de Segurança da ONU que inclui uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, segundo informou o ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppe.
"Tenho várias razões para pensar que vamos atingir nosso objetivo. Agimos apenas com a chancela do Conselho de Segurança da ONU e não apenas com o apoio, mas com a participação ativa dos países árabes", disse Juppe.
A Rússia e a Alemanha manifestaram dúvidas sobre se uma zona de exclusão aérea seria aconselhável ou mesmo útil, e um grupo de oito ministros do Exterior reunidos em Paris nesta semana não conseguiu chegar a um acordo. Em um comunicado de governo, o ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, reforçou sua posição contrária à zona de exclusão aérea.
Segundo ele, a execução dessa medida nada mais seria do que uma intervenção militar. "Não queremos e não devemos nos tornar a facção bélica de uma guerra civil no norte da África", disse Westerwelle, que também pediu sanções internacionais mais rigorosas contra o regime de Kadafi e ameaçou seus seguidores com o Tribunal Penal Internacional.
Necessidade de apoio árabe
A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, afirmou esperar que até a quinta-feira o Conselho de Segurança tome uma decisão sobre a situação na Líbia. "Estamos nos movimentando o mais rápido possível em Nova York, tentando conseguir uma autorização adicional para a comunidade internacional tomar uma ampla gama de ações, não apenas em relação a uma zona de exclusão aérea, mas outras ações também."
Em declaração à televisão norte-americana, Clinton disse que o ditador líbio Muammar Kadafi parece determinado a matar tantos rebeldes quanto possível e reassumir o controle do norte do país. "O que estão vendo aqui é a confirmação de que qualquer que seja a decisão do Conselho de Segurança da ONU, ela precisa incluir as lideranças árabes", disse Clinton à emissora CBS.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu nesta quarta-feira um cessar-fogo entre as tropas de Muamar Kadafi e os rebeldes líbios, frente a uma ofensiva contra a capital da oposição, Bengasi. Ban "está seriamente preocupado com a escalada militar das forças do regime, o que inclui indicações de um ataque à cidade de Bengasi", disse o porta-voz da ONU Martin Nesirky.
"Uma campanha para bombardear um centro urbano tão grande colocaria a vida de muitos civis em risco. O secretário-geral urge que todas as partes envolvidas no conflito aceitem um cessar-fogo imediato e obedeçam a resolução de 1970 do Conselho de Segurança", completou Nesirky.
Confrontos
As tropas do ditador líbio Muamar Kadafi tomaram as cidades de Misurata e Ajdabiya nesta quarta-feira sob fogo pesado. A ofensiva das tropas de Kadafi contra os insurgentes que dominam a metade leste do país chegou a um impasse, no entanto. O ex-ministro do Interior, Abdulfattah Junis, que se juntou aos rebeldes, disse na rede de notícias Al Arabiya que no dia anterior os "revolucionários" haviam matado dezenas de soldados e capturado outras dezenas em Ajdabiya.
A cidade estrategicamente importante, 160 quilômetros ao sul da metrópole rebelde Bengasi, passou a quarta-feira sob tiroteio. Segundo informações dos insurgentes, a cidade de Misurata, a oeste, também teria sido alvo de tanques e artilharia. Porém as tropas do regime não teriam conseguido até então penetrar nela. Segundo moradores, falta água e energia na cidade sitiada 210 quilômetros a leste da capital Trípoli.
Os apoiadores de Kadafi falam de vitória. "A operação militar terminou. Em 48 horas tudo terá passado", afirmou o filho do ditador Saif al-Islam em uma entrevista à emissora de TV Euronews. A tomada de Bengasi seria iminente. Os "traidores", como são chamados os rebeldes, devem "emigrar com suas famílias para o Egito".
O ditador Kadafi jurou perante seus apoiadores em Trípoli que vai defender suas fontes de petróleo contra a França, o Reino Unido e os Estados Unidos. "Estamos determinados a encerrar essa aventura colonial e dar a eles uma derrota", disse ele.
FF/dpa/rtr/afp
Revisão: Augusto Valente