Seis meses do desastre de Brumadinho
Mais de cem bombeiros ainda vasculham uma área aproximada de 30 km² em busca de desaparecidos após o rompimento de barragem da Vale. Estima-se que colapso tenha liberado 10 milhões de metros cúbicos de rejeitos.
Antiga barragem B1
Seis meses após o rompimento da barragem de rejeitos da mina Córrego do Feijão, da Vale, a vegetação cresce sobre a antiga estrutura. Um levantamento recente feito pelos bombeiros apontou que, dos 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos armazenados, 10 milhões escorreram ao longo de 10 quilômetros após o colapso, e 2 milhões continuam na área da antiga barragem.
Seis meses de missão de resgate
Na semana em que a operação chega a seis meses, 135 bombeiros e bombeiras vasculham uma área aproximada de 30 km² com auxílio de máquinas e dois cães farejadores. Estima-se que cada animal faça o equivalente ao trabalho de 16 bombeiros. Fazer buscas nas áreas de nascentes, onde o solo é mais instável, está entre as maiores dificuldades da fase atual da operação.
Flagrante da tragédia
Às 12h28, uma câmera acoplada a uma grua filmou o colapso da B1. As imagens ainda ajudam no planejamento da operação, assim como um aplicativo que os bombeiros usam num celular especial em campo. Quando algo é localizado na área atingida, os oficiais gravam no app as informações de coordenadas e profundidade. No mapa, esses dados ajudam a guiar os pontos onde as buscas devem se concentrar.
Contenção do rejeito
A estrutura para conter o rejeito misturado à água do ribeirão Ferro-Carvão foi construída pela Vale. Uma estação de tratamento de água fluvial também montada no local filtra a água, que segue canalizada por um desvio até o rio Paraopeba. A medida faz parte do plano para conter a poluição e diminuir o carreamento do resíduo para os rios na época de chuva.
Saúde do rio Paraopeba
Um mês após a tragédia, uma expedição da SOS Mata Atlântica encontrou metais como ferro, cobre, manganês e cromo no rio Paraopeba numa concentração maior do que a lei permite. Em maio, o Igam (Instituto Mineiro de Gestão de Águas) afirmou que os rejeitos não chegaram ao rio São Francisco. O Comitê de Bacias Hidrográficas do rio São Francisco disse que não faz monitoramento da situação.
Lama nas casas
Parque da Cachoeira foi o bairro mais afetado pelo tsunami de lama. A área dos escombros das antigas casas está interditada, os rejeitos começam a ser cobertos por uma vegetação rasteira. Segundo a Vale, 256 famílias de atingidos estão em moradias provisórias, hotéis, pousadas ou casa de amigos e parentes. No bairro, imóveis na parte mais alta continuam habitados, alguns têm placas de venda.
Mineração como carro forte
A arrecadação de Brumadinho depende fortemente da mineração. Além da Vale, extraem minério de ferro na cidade as empresas MIB, Valourec, Tejucana, Morro do Ipê, Mineral do Brasil e Ferrous, adquirida pela Vale recentemente. Green Metals (foto), instalada em 2014, funcionou por poucos meses: a planta trataria rejeitos de minério de ferro vindos das empresas da cidade.
Movimentação na cidade
Moradores antigos de Brumadinho dizem que a cidade está cheia, o trânsito é mais caótico, que está mais difícil encontrar casas para alugar e que os preços subiram. As obras de limpeza e contenção dos danos causados pelo colapso da barragem da Vale trouxeram cerca de 1,5 mil novos trabalhadores para a cidade por meio de 28 empresas contratadas para a execução dos serviços.